Segundo o Ministério Público, além do ex-prefeito, mais 15 pessoas são investigadas por participar do falso atentado, entre eles três ex-secretários. O tiro que saiu pela culatra
“Vanderlei, ataque em nós! Ataque! O prefeito é baleado!” Essas foram as palavras de desespero dentro do carro do então prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio, do Podemos. Foram seis tiros de fuzil, e um deles furou a blindagem do vidro e atingiu o ombro de Aprígio. Em seguida, os bandidos fugiram e colocaram fogo no carro para apagar vestígios do crime.
No hospital, o prefeito José Aprígio, candidato à reeleição, agradeceu aos seus eleitores: “Graças a Deus que eu tenho o apoio da minha família, de vocês, das igrejas que estão orando por mim, da minha família, mas dói muito.”
O ataque ocorreu uma semana antes do segundo turno das eleições municipais do ano passado. Aprígio havia terminado o primeiro turno na segunda posição, e a eleição já parecia decidida em favor de seu adversário. O ataque violento movimentou o cenário político, mas não impediu a derrota.
Três dias após o atentado, um suspeito foi preso: Gilmar de Jesus Santos. Ele fez um acordo de colaboração com as autoridades e revelou a trama de um falso atentado. Gilmar confessou que estava dirigindo o carro junto com Odair Junior de Santana, e que os dois atiraram contra o carro do prefeito.
“Por que isso não foi feito quando o prefeito estava em extrema vulnerabilidade, andando na rua, vendo as obras, saindo do restaurante ou mesmo dentro do restaurante sem nenhum tipo de proteção? Nós percebemos que aquilo ‘ó, está muito esquisito, isso daqui’”, disse o delegado Hélio Bressan.
Segundo Gilmar, o combinado era não atingir o prefeito. “Eu propus atirar no capô do carro, na frente do carro, para não atingir ninguém. Ele falou que na frente não servia, só lateral. Ele ia estar parado dando a lateral para mim, para eu poder atirar na lateral”, disse.
“Ele queria um susto, mas um susto que desse mídia para poder passar no Fantástico, para chamar atenção do eleitor. Era para passar no domingo, antes do segundo turno”, contou Gilmar. O Fantástico não exibiu reportagem sobre o caso na época.
Segundo a investigação, os intermediários do atentado forjado eram Anderson da Silva Moura, conhecido como Gordão, e Clovis Reis de Oliveira. Gilmar disse que os dois recebiam informações de um funcionário da prefeitura muito próximo ao prefeito, alguém que se identificava como secretário de obras.
A polícia ainda tenta descobrir quem é o homem que se apresentava como secretário de obras. O colaborador nunca encontrou José Aprígio, mas contou à polícia que pessoas próximas ao então prefeito diziam que ele sabia do plano e concordava com tudo.
Além disso, o atirador contou que recebeu uma ordem expressa, vinda de dentro da prefeitura: a arma usada no falso atentado tinha que ser um fuzil.
“Insistiram para fazer do jeito que eles queriam, para parecer um fato real. Eu informei que o fuzil furava blindagem. Se fosse só para chamar atenção, era perigoso atingir alguém lá dentro. Eu não ia fazer isso. Ele falou que não, para eu dar um tempo, que ele ia pesquisar”, contou Gilmar, que ia receber R$ 100 mil pelo “serviço”.
“Sim, ao que tudo indica foi um erro de cálculo grotesco naquele momento em que eles acreditaram que uma blindagem 3A seria capaz de segurar o tiro de fuzil”, disse o promotor Juliano Atoji.
Com base na delação, a polícia prendeu essa semana Anderson, o Gordão, mas não conseguiu localizar Clovis Reis de Oliveira. Além de Gilmar, mais duas pessoas foram denunciadas por tentativa de homicídio e associação criminosa: Odair Junior de Santana e Jefferson Ferreira de Sousa, que ajudou na fuga. Os dois estão foragidos.
A defesa de Anderson da Silva Moura disse em nota que “o investigado nunca teve qualquer contato com o delator, os ex-secretários, o ex-prefeito ou qualquer indiciado nesse processo.”
“O prefeito é investigado. Num primeiro momento ele é vítima, mas obviamente pelos elementos então colhidos ele foi alvo de busca a fim de verificar se ele estava ciente do atentado que seria praticado contra ele”, disse o promotor Juliano Atoji.
O advogado do ex-prefeito afirma que José Aprígio não teve nenhum envolvimento com o atentado. “Não é crível você pensar que uma pessoa de 73 anos estaria sujeita a receber um tiro de fuzil achando que talvez pudéssemos modificar um certame eleitoral. Eu tenho convicção de que ao final será demonstrado não só para ele, mas para os seus familiares e toda a sociedade que ele é a vítima nessa história”, disse Alan Mohamed Melo Hassan, advogado de Aprígio.
Segundo o Ministério Público, além do ex-prefeito, mais 15 pessoas são investigadas por participar do falso atentado, entre eles três ex-secretários. “Sim, tentou-se naquele momento imputar uma narrativa de que havia sido a mando de organização criminosa e a mando do grupo político rival, mas ficou claro que partiu de pessoas próximas ao prefeito”, afirmou o promotor Juliano Atoji.
“Tudo indica que foi uma farsa”, disse o delegado Hélio Bressan.
Delator fala sobre falso atentado a prefeito de Taboão da Serra em SP
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“Vanderlei, ataque em nós! Ataque! O prefeito é baleado!” Essas foram as palavras de desespero dentro do carro do então prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio, do Podemos. Foram seis tiros de fuzil, e um deles furou a blindagem do vidro e atingiu o ombro de Aprígio. Em seguida, os bandidos fugiram e colocaram fogo no carro para apagar vestígios do crime.
No hospital, o prefeito José Aprígio, candidato à reeleição, agradeceu aos seus eleitores: “Graças a Deus que eu tenho o apoio da minha família, de vocês, das igrejas que estão orando por mim, da minha família, mas dói muito.”
O ataque ocorreu uma semana antes do segundo turno das eleições municipais do ano passado. Aprígio havia terminado o primeiro turno na segunda posição, e a eleição já parecia decidida em favor de seu adversário. O ataque violento movimentou o cenário político, mas não impediu a derrota.
Três dias após o atentado, um suspeito foi preso: Gilmar de Jesus Santos. Ele fez um acordo de colaboração com as autoridades e revelou a trama de um falso atentado. Gilmar confessou que estava dirigindo o carro junto com Odair Junior de Santana, e que os dois atiraram contra o carro do prefeito.
“Por que isso não foi feito quando o prefeito estava em extrema vulnerabilidade, andando na rua, vendo as obras, saindo do restaurante ou mesmo dentro do restaurante sem nenhum tipo de proteção? Nós percebemos que aquilo ‘ó, está muito esquisito, isso daqui’”, disse o delegado Hélio Bressan.
Segundo Gilmar, o combinado era não atingir o prefeito. “Eu propus atirar no capô do carro, na frente do carro, para não atingir ninguém. Ele falou que na frente não servia, só lateral. Ele ia estar parado dando a lateral para mim, para eu poder atirar na lateral”, disse.
“Ele queria um susto, mas um susto que desse mídia para poder passar no Fantástico, para chamar atenção do eleitor. Era para passar no domingo, antes do segundo turno”, contou Gilmar. O Fantástico não exibiu reportagem sobre o caso na época.
Segundo a investigação, os intermediários do atentado forjado eram Anderson da Silva Moura, conhecido como Gordão, e Clovis Reis de Oliveira. Gilmar disse que os dois recebiam informações de um funcionário da prefeitura muito próximo ao prefeito, alguém que se identificava como secretário de obras.
A polícia ainda tenta descobrir quem é o homem que se apresentava como secretário de obras. O colaborador nunca encontrou José Aprígio, mas contou à polícia que pessoas próximas ao então prefeito diziam que ele sabia do plano e concordava com tudo.
Além disso, o atirador contou que recebeu uma ordem expressa, vinda de dentro da prefeitura: a arma usada no falso atentado tinha que ser um fuzil.
“Insistiram para fazer do jeito que eles queriam, para parecer um fato real. Eu informei que o fuzil furava blindagem. Se fosse só para chamar atenção, era perigoso atingir alguém lá dentro. Eu não ia fazer isso. Ele falou que não, para eu dar um tempo, que ele ia pesquisar”, contou Gilmar, que ia receber R$ 100 mil pelo “serviço”.
“Sim, ao que tudo indica foi um erro de cálculo grotesco naquele momento em que eles acreditaram que uma blindagem 3A seria capaz de segurar o tiro de fuzil”, disse o promotor Juliano Atoji.
Com base na delação, a polícia prendeu essa semana Anderson, o Gordão, mas não conseguiu localizar Clovis Reis de Oliveira. Além de Gilmar, mais duas pessoas foram denunciadas por tentativa de homicídio e associação criminosa: Odair Junior de Santana e Jefferson Ferreira de Sousa, que ajudou na fuga. Os dois estão foragidos.
A defesa de Anderson da Silva Moura disse em nota que “o investigado nunca teve qualquer contato com o delator, os ex-secretários, o ex-prefeito ou qualquer indiciado nesse processo.”
“O prefeito é investigado. Num primeiro momento ele é vítima, mas obviamente pelos elementos então colhidos ele foi alvo de busca a fim de verificar se ele estava ciente do atentado que seria praticado contra ele”, disse o promotor Juliano Atoji.
O advogado do ex-prefeito afirma que José Aprígio não teve nenhum envolvimento com o atentado. “Não é crível você pensar que uma pessoa de 73 anos estaria sujeita a receber um tiro de fuzil achando que talvez pudéssemos modificar um certame eleitoral. Eu tenho convicção de que ao final será demonstrado não só para ele, mas para os seus familiares e toda a sociedade que ele é a vítima nessa história”, disse Alan Mohamed Melo Hassan, advogado de Aprígio.
Segundo o Ministério Público, além do ex-prefeito, mais 15 pessoas são investigadas por participar do falso atentado, entre eles três ex-secretários. “Sim, tentou-se naquele momento imputar uma narrativa de que havia sido a mando de organização criminosa e a mando do grupo político rival, mas ficou claro que partiu de pessoas próximas ao prefeito”, afirmou o promotor Juliano Atoji.
“Tudo indica que foi uma farsa”, disse o delegado Hélio Bressan.
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