Série Ouro: Porto da Pedra leva Fordlândia para a Sapucaí e destaca a resistência da Amazônia

A escola de São Gonçalo aposta em um enredo histórico para abordar os impactos da industrialização na floresta e reforçar a importância da preservação ambiental. Série Ouro:Porto da Pedra leva Fordlândia para a Sapucaí e destaca resistência da Amazônia
A Porto da Pedra, escola de samba de São Gonçalo que desfila na Série Ouro do Carnaval do Rio, levará para a Sapucaí a história de Fordlândia, cidade industrial idealizada por Henry Ford no coração da Amazônia.
Com o enredo “A história que a borracha do tempo não apagou”, o Tigre de São Gonçalo vai mostrar na Sapucaí a tentativa frustrada do empresário norte-americano de transformar a região em um polo de extração de látex.
A cidade foi criada na década de 1920 para abastecer a indústria automobilística com borracha para pneus, mangueiras e válvulas, reduzindo os custos de produção. No entanto, o projeto enfrentou desafios como a resistência da floresta, dificuldades logísticas e conflitos com trabalhadores locais, resultando no seu abandono.
Para a Porto da Pedra, o enredo é uma forma de mostrar a resiliência da Amazônia diante das diversas tentativas de exploração ao longo da história.
“A Amazônia que resiste a tudo, essas invasões, a criação da fábrica da Ford no Brasil. Mostrando que a Amazônia está sempre viva. É pra chamar atenção do mundo”, segundo Aluízio Mendonça, diretor de carnaval da Porto da Pedra.
Com um desfile que promete trazer críticas sociais e visuais impactantes, a agremiação busca o título da Série Ouro para retornar ao Grupo Especial no próximo ano. A agremiação já se prepara para emocionar a Sapucaí e reacender o debate sobre a preservação da Amazônia.
Confira o samba- enredo
Munduruku
É o Sol que brilha lá no Norte, a nossa voz
Vento que sopra pelo Rio Tapajós
É o som da mata que ecoa na raiz
É o som da mata que ecoa na raiz
Atiro a ponta da minha flecha
Mirando em seu peito, na sua ambição
Meu velho, não esqueça que a floresta
Não se rende feito os donos da nação
Barcaça vai trazer
Os ferros que erguem a cidade arredia
Confundem engrenagem com sabedoria
Ignorando os segredos do lugar
Barcaça vai levar
Meu ouro branco, rasgado em seringais
A esperança é deixada pelo cais
Pra quem um dia queria sonhar
Ê caboclo de bubuia, quero ver! Quero ver!
Quem vai acordar antes do amanhecer?
No ribeirão, vá buscar tracajá!
Não tem capitão se meu povo zangar!
Ê caboclo de bubuia, quero ver! Quero ver!
Quem vai acordar antes do amanhecer?
No ribeirão, vá buscar tracajá!
Não tem capitão se meu povo zangar!
Deixa que o canto já ecoou
Quando toda fumaça dissipou
Eaê aê, nossa luta não dá pra comprar
Eaê aê, Amazônia resistirá
Em cada voz do Juruena
Transformada em poema num antigo ritual
Não temos o tempo dos Pariwá
Borracha nenhuma pode apagar
A nossa história!
A nossa gente!
Meu carnaval!
Vermelho urukum! O tigre de guerra!
Não se esconda quando eu voltar
Eu sou orgulho e paixão
Bem mais que um pavilhão
A força que faz esse povo lutar
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