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No domingo (2), o filme brasileiro concorre em três categorias do Oscar. Longa narra a história de Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres e por Fernanda Montenegro, que enfrenta a violência vivida na ditadura militar com a prisão e desaparecimento do marido. No próximo domingo (2), o filme brasileiro “‘Ainda Estou Aqui” vai concorrer a três categorias do Oscar. A TV Globo visitou alguns lugares onde o filme foi gravado, no RJ, e outros que guardam a memória do ex-deputado Rubens Paiva.
O filme original Globoplay narra a história de Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres e por Fernanda Montenegro, que enfrenta a violência vivida na ditadura militar. Ela vê a prisão e desaparecimento do marido, o deputado cassado Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello.
Algumas das cenas assombrosas do filme foram gravadas nas antigas instalações do Instituto Municipal Nise Silveira, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, um centro de atenção à saúde mental.
Antigo Instituto Municipal Nise Silveira, no Engenho de Dentro
Reprodução/TV Globo
O local representou a sede do Doi-Codi no Rio, um dos locais usados pela repressão.
“O filme trouxe à memória de todos o que o estado brasileiro fez. Todo esse horror perpetrado, que não pode se repetir”, lembra Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.
Na época da ditadura, o Doi-Codi funcionava no prédio do Exército, na Tijuca, Zona Norte, que houve abriga a Polícia do Exército.
O jornalista Álvaro Caldas é uma das vítimas da repressão. Em 1970, quando tinha 29 anos, foi sequestrado, preso e torturado por militares por fazer oposição ao regime. Foram 70 dias presos.
Álvaro Caldas foi uma das vítimas da ditadura militar
Reprodução/TV Globo
“Eu conheço muito bem esse lugar. Eu estive lá várias vezes. Em quatro delas, entrei. Das quatro, duas eu entrei encapuzado. Tenho plena consciência que eu sobrevivi. Tenho uma responsabilidade histórica muito grande de contar isso, de não deixar que isso desapareça”, destaca.
Outros não saíram vivo do local. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, pelo menos 53 pessoas foram assassinadas no prédio.
Desses, os corpos de 33 nunca foram encontrados, entre eles o de Rubens Paiva. O ex-deputado ganhou uma homenagem em uma praça que fica nas proximidades do antigo Doi-Codi.
Por conta do filme, o engenheiro Rubens Paiva está mais conhecido em um outro bairro do Rio, que ele ajudou a desenvolver.
“Eu sempre o admirei. Só que agora está em alta essa fama”, conta a cabelereira Sônia Jacinto Pereira, que aproveita para tirar uma foto ao lado da estátua de Paiva.
Busto de Rubens Paiva, na Tijuca
Reprodução/TV Globo
Em 1962, como deputado, ele projetou e conseguiu recursos para a construção de um conjunto habitacional, na Pavuna, também Zona Norte da capital fluminense.
Anos depois, o local ganhou o nome dele. A estação de metrô, desde 1998, também leve o nome de Rubens Paiva.
“É muito importante que você tenha produções artísticas que consigam trazer à luz do dia essas memórias, resgatar pessoas, resgatar acontecimentos e dar os verdadeiros nomes a quem ajudou a construir a história desse país”, diz o professor e historiador Paulo Jorge.
Na estação de metrô, Rubens Paiva é lembrado em um busto. Funcionários do local, agora, têm um tempinho para conhecer a história por trás daquele rosto.
“Foi um período que a gente não podia expor o que a gente pensava, que a gente tinha que ficar retraído e não podia se expressar. Não dá para esquecer. Muito emocionante o filme”, conta Viviane de Jesus, operadora de estação do MetrôRio.
Ex-deputado é nome de uma estação na Pavuna
Reprodução/TV Globo