Após 3 meses, família cobra justiça pela morte de rapaz com golpe de mata-leão em internação à força


Bruno Willian Ambrósio Figueiredo, de Leme (SP), faria 31 anos na sexta (28). Ele morreu durante trajeto para internação em clínica de reabilitação e ninguém foi preso. Bruno Willian Ambrósio Figueiredo morreu com ‘mata-leão’ durante internação à força para clínica de reabilitação em Leme
Reprodução/Facebook
A família de Bruno Willian Ambrósio Figueiredo cobra justiça pela morte do filho após ele receber golpe ‘mata-leão’ aplicado por uma equipe de remoção durante o trajeto de internação à força para uma clínica de reabilitação.
O caso aconteceu no dia 1º de dezembro de 2024, em Leme (SP), e ninguém foi preso. O g1 não conseguiu contato com o delegado responsável pela investigação.
A Secretária de Segurança Pública também foi questionada sobre o andamento da apuração, mas não houve retorno até a última atualização da reportagem.
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Bruno faria 31 anos nesta sexta-feira (28) e a família está muito abalada.
“O sentimento é de indignação porque tiraram a vida do nosso filho e estão soltos. A Justiça demora, não resolve e não sabemos o que fazer. Quem matou meu filho deveria estar preso. Hoje seria o aniversário do Bruno. Nós estamos desamparados, eu e minha esposa estamos vivendo porque temos uma filha de 12 anos”, disse o pai do rapaz, Sérgio de Oliveira Figueiredo, de 51 anos.
Relembre o caso
Segundo a família, as agressões começaram ainda em um quarto da casa da avó parterna, local onde Bruno residia. Ele teria recebido golpes de “mata-leão” na residência e durante o trajeto para ser internado em uma clínica. A vítima chegou sem vida à Santa Casa.
De acordo com o boletim de ocorrência, a empresa “Torino Remoções”, de São Paulo, realizou a internação à força e a equipe de remoção aplicou golpes de estrangulamento para conter Bruno. Ele não sabia que seria internado e não aceitou a abordagem. A empresa disse que o uso da força foi necessária devido à agressividade do paciente.
Segundo o B.O., a médica de plantão, Amanda Dias Biolchi, apontou várias lesões em volta do pescoço, e o laudo de exame de corpo de delito descreve a causa de morte supostamente por asfixia mecânica.
Homem morre estrangulado durante trajeto para clínica de reabilitação em Leme
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Conversa pelo WhatsApp
De acordo com o pai de Bruno, ele conversou momentos antes por WhatsApp com um dos funcionários da equipe de remoção. O pai avisou que o filho talvez ficasse revoltado e agressivo com a internação forçada. Três funcionários realizaram a abordagem da vítima, que morava com a avó e estava em um dos quartos da casa.
“Só para te alertar, se caso ele não for por bem, você sabe que ele pode ofender vocês, xingar, isso é normal, né? A pessoa ir contra a vontade dela, fica agressiva e xingando, mas o irmão já é experiente nessa área, né?”, disse o pai na mensagem.
O funcionário tranquilizou Sérgio e disse que tinha mais de cinco anos de experiência nos procedimentos. Porém, durante o trajeto, o homem teria aplicado golpes de estrangulamento para conter Bruno.
“Quanto a isso é normal, a gente não leva para o pessoal, a gente já conhece e sabe qual é o problema. A pessoa não quer ser internada, é tranquilo, mas se ela não vir na conversa, a gente faz a abordagem mecânica, para ele não agredir a equipe, né? A gente amarra ele, mas tranquilo, depois trocamos umas ideias e desamarra depois, conforme ele se comportar. Quanto a isso é tranquilo, pode ficar sossegado. Trabalho com isso há cinco anos, já vi de todo tipo de conduta”, escreveu o profissional.
Casa onde Bruno Willian Ambrósio Figueiredo vivia em Leme
Reprodução/EPTV
O que disse a advogada da empresa
Na época, a advogada Helena Maria Balduino de Moraes, da empresa Torino Remoções, comentou que o paciente estava muito agressivo e foi necessário o uso da força durante a abordagem.
A advogada informou que Bruno seria levado primeiro para um atendimento psiquiátrico e depois para uma clínica, mas não soube informar em qual cidade ele seria internado.
Sobre as lesões apresentadas no pescoço , ela contou que a vítima pode ter se debatido. “Foi feita a manobra para conter e outro (profissional) veio por trás para amarrar os braços e pode ser que ele tentou se debater e teve mais lesões nessa parte do corpo”, disse.
A advogada informou que no histórico da empresa isso nunca aconteceu, e que os profisisonais envolvidos tinham formação e especiliazação para o procedimento. Ela também informou que os funcionários ficaram com ferimentos leves e foram liberados.
Dificuldades
A família de Bruno passa por dificuldades financeiras. Tanto o pai quanto a mãe estão desempregados e muito abalados com a situação. Sérgio comentou que a avó de Bruno chora todos os dias.
“Minha mãe {avó de Bruno} tenta ter força, mas chora quase todo dia. Está difícil. Foi na casa dela que aconteceu isso, ele estava morando com ela . Só peço por justiça. As pessoas acham que a gente chamou a clínica e somos culpado, ninguém quer que alguém tire a vida do seu filho. A gente pediu internação para o ajudar e não pra tirar a vida dele”, finalizou.
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