
A sede da barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, amanheceu destruída na manhã desta quinta-feira (6). Um vídeo feito mostra o que seria a casa de operações e o muro da estrutura em ruínas. Não há detalhes sobre os responsáveis pelo vandalismo.
Nesta quarta-feira (5), comunidades indígenas se reuniram em um acampamento na barragem. A manifestação foi confirmada pelo cacique Setembrino Camlém e reúne membros de todas as aldeias, que alegam o descumprimento do acordo feito para a manutenção da estrutura.
A sede da barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, amanheceu destruída na manhã desta quinta-feira (6) – Vídeo: Jailson Klock/@jailsonklock/Instagram
Setembrino explicou que o acampamento ocorre após não obterem um retorno do Governo de Santa Catarina sobre as reinvindicações feitas pela comunidade envolvendo a barragem de José Boiteux.
“Já pedimos várias reuniões com o governo do estado, até agora nada resolvido, não foi aceito o pedido de agendamento, então, a comunidade tá preocupadíssima”.
Indígenas acamparam na barragem de José Boiteux
De acordo com o cacique, desde 2023, o governo diz fazer ações dentro da comunidade, mas que isso não tem ocorrido.
Ele alega que os acordos, que prevê melhorias de infraestrutura e saúde dentro da terra indígena, não foram cumpridos. Ainda segundo o cacique, a comunidade teme que haja um confronto, como o registrado em 2023.
“Então a comunidade tomou essa decisão. De que enquanto não se faz ou iniciam algumas obras dentro da terra indígena, não se conserta a barragem”.

Indígenas alegam descumprimento de acordo e ocupam barragem em José Boiteux – Foto: Arquivo pessoal/ND
“Tem várias obras que eram para iniciar, que não foram iniciadas. O colégio também não esta sendo encaminhado. A gente tá desinformado se tem recurso do estado pra iniciar algumas obras”, completou Setembrino.
A Defesa Civil de Santa Catarina, responsável pela operação do local, informou que uma manutenção prevista foi suspensa e que nenhuma vistoria ou visita técnica está programada para acontecer na barragem.
“O Secretário Mário Hildebrandt sabe dos compromissos que o Estado tem que cumprir com a comunidade indígena e, a pedido e por determinação do Governador Jorginho Mello, está trabalhando para tirá-los do papel no menor tempo possível”, se manifestou a Defesa Civil de Santa Catarina por meio de nota.
Termo de compromisso
Nesta manhã de quinta-feira (6), o governador Jorginho Mello está em Rio do Sul para a apresentação da 2ª edição do Programa Santa Catarina Levada a Sério + Perto de Você: Prestando Contas na região da Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí (Amavi).
O evento reúne lideranças e gestores dos 28 municípios que compõem a Associação para apresentar investimentos, ações e resultados do Estado na região. Durante o evento, um termo de compromisso entre o Governo do Estado e Prefeitura de José Boiteux deve ser assinado envolvendo a construção de casas e duas igrejas, destinadas à Reserva Indígena e duas para moradia de párocos.
As obras fazem parte de um processo proposto em 2003 pelo Ministério Público Federal e Comunidade Indígena, que determinou que a União Federal, Funai e o Estado de Santa Catarina fizessem melhorias nas aldeias indígenas de José Boiteux, para mitigar os danos provocados pela obra da barragem.
Em nota, a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina classificou a destruição da estrutura como um “ato lamentável e desnecessário”. O governo estadual reafirmou o compromisso com o diálogo, mas afirmou que “nenhuma tratativa será feita com base em atos de vandalismo”.
“A Secretaria reforça a importância do diálogo e da cooperação entre todas as partes envolvidas para garantir que as medidas adotadas contemplem o desenvolvimento da infraestrutura necessária e o respeito aos direitos da comunidade indígena”, completa a nota.