
De acordo com os pais, 44 alunos de três turmas participaram do experimento em dias diferentes na semana passada. O professor foi demitido. Polícia investiga professor do Espírito Santo que coletou amostras de sangue dos alunos com um único instrumento
Reprodução/TV Globo
A polícia do Espírito Santo investiga um professor que coletou amostras de sangue de alunos, compartilhando o mesmo instrumento.
Foram os próprios estudantes que gravaram um vídeo em que o professor de química fura o dedo dos adolescentes com um objeto pontiagudo de metal. Depois, o sangue era colocado em lâminas e cada jovem observava o material no microscópio. Foi uma aula prática em uma escola da rede estadual de Laranja da Terra, interior do Espírito Santo. Uma aluna foi uma das que participaram.
“A gente viu, só que no momento a gente pensou: ‘Ah, ele é o professor, ele sabe o que ele está fazendo’. E, como ele estava limpando com álcool, a gente no calor do momento acreditou que estava tudo bem e a maioria deixou furar o dedo”, conta uma aluna.
Os estudantes têm entre 16 e 17 anos. Os pais contam que não foram comunicados sobre a atividade e que ficaram sabendo de tudo já no fim do dia, quando os jovens foram testados para saber se tinham sido infectados.
“A escola levou os alunos para fazer exame, fizeram o teste rápido, deu todos deles negativos, mas a preocupação da gente como pai e mãe é, e no futuro?”, diz uma mãe e aluno.
De acordo com os pais, 44 alunos de três turmas participaram do experimento em dias diferentes na semana passada. O professor, que trabalhava na escola desde o início de 2025, foi demitido.
Nets terça-feira (18), os alunos foram testados novamente e serão monitorados por três meses. Entre os exames, estão aqueles que identificam a contaminação por hepatite B e C, HIV e sífilis.
“Toda vez que eu utilizo o mesmo material pérfuro cortante em mais de uma pessoa, o risco é de transmissão de doenças infecciosas entre aquelas pessoas. Não se higieniza material perfurocortante. Eles, por obrigação, têm que ser todos descartáveis. Uso único. Usei uma vez e joguei fora”, explica a médica infectologista, Rubia Miossi.
A Secretaria de Educação do Espírito Santo diz que o professor não pediu autorização para a atividade. A corregedoria apura o caso.
“Quando essa informação nos chegou, foi grave, porque a escola não conseguiu providenciar os insumos necessários à realização dessa atividade de forma adequada. E quando ele, além de não informar, faz dessa maneira, ele expõe todo mundo ao risco”, afirma o secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo.
A Polícia Civil está ouvindo as testemunhas e vai intimar o professor.
“A prima face, o que se apresenta é um crime de exposição ao perigo. Então, vamos apurar para ver se de fato se consuma”, declara José Darcy Arruda, delegado-geral PC/ES.
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