Uma equipe de cientistas conseguiu deixar ratos com a pele transparente, aplicando um corante alimentar comum e econômico. Essa técnica, desenvolvida pela Universidade de Stanford, permite visualizar vasos sanguíneos, órgãos e músculos dos ratos em tempo real.
Corantes usados em salgados foi usado em experimento que deixaram ratos com a pele transparente – Foto: Pexels/Divulgação/ND
Os detalhes do estudo foram publicados na revista Science, assim, a técnica utiliza tartrazina, um corante amarelo presente em alimentos como snacks tipo “Doritos” e “Cheetos”. A tartrazina absorve grande parte da luz, especialmente azul e ultravioleta, o que reduz a dispersão da luz pela pele.
Quando combinada com a pele, que normalmente dispersa a luz, a tartrazina permite que a pele dos ratos se torne transparente.
O autor principal do estudo, Zihao Ou, explica: “A tartrazina e a pele têm propriedades que bloqueiam a luz, mas juntas, elas permitem a transparência da pele dos ratos”.
O corante dissolve-se em água, ajustando o índice de refração da solução para coincidir com o dos tecidos, como lipídios, o que minimiza a dispersão da luz.
Experimento deixa ratos com a pele transparente
Experimento que deixou ratos com a pele transparente é reversível – Foto: Science/Divulgação/ND
No experimento, a solução de água e corante foi aplicada na pele dos ratos, tornando-a transparente. O processo é reversível: após a aplicação, a transparência aparece em minutos e desaparece quando o corante é lavado. O corante é metabolizado e eliminado pela urina dos ratos.
Os pesquisadores observaram vasos sanguíneos na superfície do cérebro e órgãos internos no abdômen dos ratos, além do movimento peristáltico no sistema digestivo.
Próximos passos da experiência que deixou ratos com a pele transparente
Embora a técnica tenha sido testada apenas em ratos, ela pode ter aplicações clínicas significativas. Poderia facilitar a visualização de veias para extração de sangue ou ajudar na detecção precoce e tratamento de câncer.
No entanto, ainda é necessário testar a técnica em humanos, cuja pele é significativamente mais espessa.
Saiba quais são os próximos passos do experimento que deixou os ratos a com pele transparente – Foto: Universidade de Stanford/Divulgação/ND
Os próximos passos incluem determinar as doses adequadas de corante para tecidos humanos e experimentar outras moléculas que possam ser mais eficazes do que a tartrazina. A equipe já solicitou a patente da tecnologia.
Para Maria Victoria Gómez Gaviro, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Sanitária Gregorio Marañón, o estudo é inovador e oferece vantagens para a experimentação pré-clínica e cirúrgica.
A técnica pode reduzir a necessidade de procedimentos invasivos. No entanto, ainda é necessário avaliar a toxicidade e os efeitos a médio e longo prazo do corante.
