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Os recentes conflitos econômicos envolvendo Estados Unidos, Canadá, México e China podem impactar, diretamente, em produtos produzidos e exportados por Santa Catarina. Para especialistas ouvidos pelo ND Mais, as tarifas de Trump se tornam um jogo de “soma negativa” para todos os países envolvidos nessa disputa.
![Tarifas de Trump ao México e ao Canadá foram suspensas por 30 dias, mas medidas continuam valendo sobre China](https://static.ndmais.com.br/2025/02/tarifas-eua-paises-exportacao-800x467.jpg)
Tarifas de Trump ao México e ao Canadá foram suspensas por 30 dias, mas medidas continuam valendo sobre China – Foto: Freepik/ND
O volume de vendas para o exterior chegou US$ 11,6 bilhões em 2024, consolidando Santa Catarina como referência no mercado internacional. Os principais itens de exportação estão relacionados ao agronegócio e à indústria da transformação, segundo dados do Observatório da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).
Os Estados Unidos são os maiores parceiros comerciais do estado, correspondendo a 14,9% (US$ 1,74 bilhão). Depois vem China, com US$ 1,27 bilhão (10,96%), e México, com US$ 781 milhões (6,71%). Alimentos e bebidas são 38,54% dos itens exportados, seguidos de carne suína (13,72%), motores elétricos (5,78%), soja (5,43%) e partes de motor (4,25%).
“O melhor dos mundos é o comércio aberto”, avalia Fiesc
Logo após iniciar o segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou o aumento dos impostos sobre produtos importados do México, Canadá e China, uma de suas promessas durante a campanha. Inicialmente, o aumento seria de 25% para os países que fazem fronteira com os Estados Unidos e 10% para a nação asiática.
As tarifas de Trump sobre os países vizinhos, contudo, foram suspensas por um prazo de 30 dias, mantendo apenas o valor imposto à China.
“Se o Brasil ficar de observador dessa guerra comercial, o país e Santa Catarina tendem a ganhar. Mas se houver uma guerra tarifária, é um jogo de soma negativa e fica mais caro para todo mundo”, avalia o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, as tarifas de Trump.
![Peças de capintaria, motores elétricos e peças de motores são os principais produtos catarinenses exportados aos Estados Unidos](https://static.ndmais.com.br/2025/02/industria-pecas-motor-sc-800x534.jpg)
Peças de capintaria, motores elétricos e peças de motores são os principais produtos catarinenses exportados aos Estados Unidos – Foto: Eduardo Valente/SECOM/ND
Até o momento, as sanções impostas pelo governo norte-americano compreendem todos os itens fabricados na China, concorrente direto de Santa Catarina nas produções de motores elétricos e móveis de madeira. O aumento no preço para importação pode beneficiar o mercado catarinense.
“Com aumento de tarifas imposto à China em 2018, boa parte da produção foi deslocada para o Vietnã e lá não tem tarifa ainda. Se houver tarifa contra o Vietnã, Santa Catarina tende a ganhar ainda mais potência com um eventual aumento das exportações”, projeta Bittencourt.
“O melhor dos mundos é o comércio aberto, tá?! Mas está tudo muito incerto ainda”, pondera.
Tarifas de Trump geram cenário de incertezas, avalia especialista
Produtos de carpintaria, motores elétricos, partes de motores, madeira e móveis foram os principais produtos exportados de Santa Catarina para os Estados Unidos em 2024, como mostra o Observatório da Fiesc.
Multinacionais desses segmentos e que investiram no estado poderiam ser beneficiadas com as sanções, ao mesmo tempo que eventuais tarifas de Trump sobre o Brasil podem reduzir a competitividade do estado.
![Tarifas de Trump sobre importações da China buscam forçar investimento em capital produzido no território norte-americano](https://static.ndmais.com.br/2025/01/000-36wr3hd-800x543.jpg)
Tarifas de Trump sobre importações da China buscam forçar investimento em capital produzido no território norte-americano – Foto: Roberto Schmidt/AFP/ND
“Há uma incerteza para o futuro porque não se sabe se as taxas serão mantidas, se o governo vai recuar ou se haverá uma pressão para mantê-las. Fica também a dúvida de quando e se o Brasil será alvo do governo Trump, o que impacta nas empresas que investiram em Santa Catarina e no Brasil, com a intenção de exportar para o mercado norte-americano”, destaca o doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais da UFSC, Daniel Ricardo Castelan.
No entendimento do internacionalista, o movimento pode fazer com que os Estados Unidos se afastem de uma política econômica liberal e se aproxime de um viés protecionista.
“Pode ser que ele mantenha a decisão na intenção de, definitivamente, iniciar um ciclo protecionista mais forte e fazer com que os capitais, hoje instalados no México e no Canadá retornem aos Estados Unidos”, analisa sobre as tarifas de Trump.
![Aumento de impostos sobre produtos da China podem causar pressionar a inflação no Brasil](https://static.ndmais.com.br/2025/01/dolar-1-800x495.jpg)
Aumento de impostos sobre produtos da China podem causar pressionar a inflação no Brasil – Foto: Freepik/ND
Aumento da inflação no Brasil
Um dos impactos das tarifas de Trump sobre o Brasil e, consequentemente, Santa Catarina, pode ser um eventual aumento da inflação, uma vez que a demanda por exportações pode sufocar a produção e gerar aumento nos preços em território nacional.
“Um ponto a ser avaliado é se o Brasil e Santa Catarina têm capacidade de expandir a produção rapidamente porque, se não tiver capacidade ociosa, se as empresas já estiverem no limite da sua produção, isso vai aumentar o ciclo inflacionário que já existe”, alerta Castelan.
“Se essa diretriz se mantiver, o Brasil não tá fora de ser um alvo também. Ninguém tá fora de ser um alvo”, diz o professor da UFSC.
O raciocínio vai ao encontro do que analisa o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt, em relação às tarifas de Trump sobre Santa Catarina.
“Mais caro para todo mundo é inflação mais alta, inflação mais alta é juro mais alto e significa contração de atividade econômica”.