Sommelier ensina combinações da bebida com alimentos que fazem parte do cotidiano do brasileiro. De olho no mercado, vinícolas criam opções que atendam a novos públicos, como os jovens. Peça integrante de um mercado que está alcançando cada vez mais pessoas em São Paulo, o sommelier é o profissional que estuda o vinho já pronto, depois do envase, e pode explicar como harmonizar a bebida com outros alimentos. Por isso, ele é fundamental para ajudar a descomplicar o assunto.
“Por exemplo: carne branca, com vinho branco. Existem exceções? Existem. Mas seguindo essa regra, dificilmente você vai errar. Carne vermelha, vinho tinto”, ensina o sommelier Kayo Bittencourt.
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Segundo ele, o vinho pode ser consumido até nos momentos mais comuns do dia, e com alimentos que fazem parte do cotidiano do brasileiro. O famoso arroz, feijão, batata frita e bife, por exemplo, pode ser harmonizado com um vinho português ou de uva portuguesa feito no Brasil.
Kayo Bittencourt, sommelier
Reprodução/TV TEM
“Se você for para um cachorro quente e levar um cabernet franc, vai dar certo. Hambúrguer, em uma hamburgueria, e levar um tempranillo, vai dar certo. Não é impossível, é bem fácil, o que falta mesmo é informação”, assegura.
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Batata chips e até salgadinhos de festa, segundo o sommelier, também podem ser harmonizados com vinho, sendo apenas uma questão de escolher a variedade certa.
Até salgadinhos de festa podem ser harmonizados com vinho
Reprodução/TV TEM
Um vinho branco, leve, fresco, você come a batatinha primeiro e depois vai sentir esse vinho ‘limpar’ a sua boca. A sua bochecha vai salivar e como ele tem um tom cítrico, vai refrescar todo aquele seco que ficou na sua boca depois da batata. Coxinha e outros salgadinhos de festa pedem um espumante. Essa sensação de acidez limpando a boca é o que mais facilita para você continuar comendo e tendo prazer com a comida”, orienta.
E opções não faltam. Uma loja em São José do Rio Preto , por exemplo, só vende vinho brasileiro. São cinco mil garrafas de vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes. Os donos fazem questão que o consumidor conheça o estilo e os sabores do Brasil e de São Paulo.
Katia de França Lopes é dona de uma loja que só vende vinhos nacionais em Rio Preto
Reprodução/TV TEM
“Só no estado de São Paulo, são diferentes regiões, com vinhos para todos os gostos, bolsos e paladares. Tenho certeza que algum rótulo vai te encantar”, assegura Katia de França Lopes, enóloga e dona da loja.
Vinho e chopp na lata
Fábrica em São Roque envasa quatro mil latas de vinho por hora
Reprodução/TV TEM
Com o consumo de vinho aumentando no Brasil ano a ano, as vinícolas estão de olho no mercado e em opções que atendam a novos públicos, como os jovens. Além do vinho na garrafa, uma vinícola em São Roque vende o vinho na lata. É a única do estado que faz todo o processo, da plantação da uva ao produto final.
Nos últimos anos, empresários investiram R$ 7 milhões em pesquisas, tecnologia e equipamentos e criaram quatro sabores do vinho envasado em latas de 269 ml. São quatro mil latas produzidas por hora. Enquanto Hélio Góes, o fundador da empresa, que hoje tem quase 90 anos, nunca imaginou que o vinho da família chegaria tão longe, a nova geração estuda e prepara-se para aprimorar a produção.
João Góes, enólogo
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Tendo conhecimento da parte química, onde vai influenciar cada insumo enológico, a gente consegue melhorar a qualidade do vinho, a gente consegue aportar mais aroma, diminuir acidez, deixar o vinho mais ‘redondo’ quando termina de fermentar. Geralmente o vinho com baixa intervenção, quando termina de fermentar, é mais ‘parrudo’, mais ‘duro’, mais adstringente de beber, mas hoje, com a quantidade de insumos enológicos que a gente tem, nós conseguimos terminar a fermentação alcoólica com o vinho mais macio, mais pronto para o consumo”, conta o enólogo João Góes.
O objetivo é a exportação e, pela primeira vez, um carregamento de cem mil latas de chopp de vinho será enviado aos Estados Unidos.
Concorrência desigual
Impostos representam 44,65% do valor de uma garrafa de vinho
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A exportação um contraponto ao desafio enfrentado pelos produtores paulistas porque o vinho é taxado na categoria de bebida alcóolica no Brasil, e não como produto agrícola. Ou seja: quem fabrica vinho aqui paga mais caro do que os produtores estrangeiros. Isso dificulta dividir as prateleiras com vinhos argentinos, chilenos e europeus.
“A gente tem cerca de 44,65% de impostos numa garrafa de vinho. Se eu vendo uma garrafa de vinho a 100 reais, 45 reais é de imposto. E os outros, eu tenho que tirar custo e o lucro vai ficar em uma pequena parcela. E a gente vai competir com países que colocam o vinho aqui dentro. Vinhos importados que, além de ter taxas de impostos mais baixas, tem incentivo em produção”, diz Adriana Sgarioni, presidente da Associação Paulista de Uva e Derivados.
Fábio Ferraccini, empresário
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“Não precisa proteger o vinho paulista ou o vinho nacional, mas nos dê a mesma condição que eles têm lá para a gente conseguir ter melhor qualidade, maior quantidade e, sim, ser competitivo e estar presente em todos os cenários do Brasil. E aí inverter a balança: começar a exportar”, complementa o empresário Fábio Ferracini.
🎥🍷 Vinhos SP
Reportagem e apresentação: Thiago Ariosi
Produção: Carla de Campos
Imagens: Fernando Bellon e Witter Veloso
Edição de mídia audiovisual e finalização: Sergio Camargo
Edição de texto: Mateus Soares
Edição de texto web: Eric Mantuan
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