A Agência de Proteção Financeira ao Consumidor foi criada há 14 anos, no governo de Barack Obama, em resposta à crise econômica de 2008, para proteger os consumidores de abusos de instituições financeiras. Decisões do governo Trump demonstram influência do bilionário Elon Musk
O governo Trump segue demonstrando a influência enorme do bilionário Elon Musk na Casa Branca. Ele está tentando desmantelar mais uma agência do governo federal americano.
Na sexta-feira (7), o empresário publicou qual seria o próximo alvo: “Descanse em paz C.F.P.B”, seguido de um emoji de túmulo. C.F.P.B é a sigla em inglês para a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor, criada há 14 anos, no governo de Barack Obama, em resposta à crise econômica de 2008, para proteger os consumidores de abusos de instituições financeiras. A agência é um braço do Banco Central americano e fiscaliza e pune, de forma independente, bancos, credores e outras instituições que cobram taxas abusivas de clientes. Ela também estabelece regras sobre transparência, dívidas de cartões de crédito, hipotecas e outros empréstimos.
Também na sexta-feira (7), uma equipe de Musk entrou no prédio da agência para acessar os sistemas internos. Mais tarde, o site da instituição saiu do ar.
Justiça dos Estados Unidos suspende acesso de departamento de Musk a informações do Tesouro
No sábado (8), Russell Vought – aliado de Musk e recém-nomeado chefe da agência – avisou aos 1,7 mil funcionários que tinha cortado o orçamento e que o trabalho deveria ser suspenso. No domingo (9), ele afirmou que o prédio da instituição vai ficar fechado essa semana e que os servidores devem trabalhar de casa. Quem tentou voltar à sede, em Washington, para buscar pertences, foi barrado na porta.
A investida contra a instituição é quase idêntica à tentativa de desmantelar outro órgão: a Agência para Desenvolvimento Internacional, conhecida como USAID. Em uma entrevista à rede Fox News, Trump disse que Musk deve ir além. O presidente afirmou que vai pedir ao bilionário que passe um pente fino no Departamento de Educação e até no Pentágono. Sem apresentar qualquer evidência, Trump disse que espera achar bilhões de dólares em fraude. Ele afirmou:
“Musk não está ganhando nada com isso. Na verdade, eu me pergunto como ele consegue dedicar tanto tempo. Ele está tão envolvido”.
Trump tenta desmantelar mais uma agência do governo federal americano; movimentação expõe influência de Musk na Casa Branca
Jornal Nacional/ Reprodução
Trump colocou Musk no comando do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental. O DOGE – como foi apelidado – funciona como uma espécie de consultoria para que o governo federal enxugue os gastos da máquina pública.
Mas ao contrário do que Trump e Musk desejam, esse departamento não pode fazer tudo que eles quiserem. Por exemplo, as agências que o governo vem ameaçando fechar foram criadas pelo Congresso e só o Congresso tem o poder de acabar com elas. Por isso, juízes e sindicatos vêm questionando a legalidade dessas ações.
A Justiça também suspendeu outras medidas de Elon Musk. Elas fazem parte de mais de 40 decisões tomadas pelo governo Trump que foram questionadas por procuradores e juízes. Nesta segunda-feira (10), um juiz manteve a suspensão do programa de demissão voluntária, defendido por Musk. O magistrado cobrou mais explicações sobre a base legal do plano, que tem como objetivo cortar 2 milhões de vagas do funcionalismo público.
Também nesta segunda-feira (10), o juiz federal John McConnell Jr. concluiu que a Casa Branca desrespeitou a ordem dada por ele para que o governo suspendesse o congelamento de US$ 3 trilhões para 22 estados. A verba já tinha sido aprovada pelo Congresso.
No fim de semana, a Justiça proibiu, temporariamente, que o departamento de Elon Musk tenha acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro, que reúne informações pessoais de milhões de americanos. O juiz concluiu que o acesso expunha informações confidenciais e tornava o sistema mais vulnerável a hackers.
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