Audiência pública discute denúncias de irregularidades no Ipasgo após troca da empresa de faturamento


Evento acontece às 14h desta terça-feira, na Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia. Ipasgo diz ainda que não é verdade que a rede credenciada está há meses sem receber pelos serviços prestados. Assembleia Legislativa discute irregularidades do IPASGO
Após denúncias de usuários e médicos credenciados no Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) vai realizar uma audiência pública nesta terça-feira (11), às 14h, para discutir irregularidades no plano de saúde. Há um documento com reivindicações de mais de 600 profissionais credenciados.
O presidente da comissão, Gustavo Sebba, afirmou que os problemas aconteceram após a troca da empresa de faturamento.
“O usuário não consegue marcar exame, não consegue marcar consulta, um procedimento relativamente barato, chega lá falando que não tem vaga, porque o Ipasgo limita cotas. E aí tem vários profissionais que estão há quatro meses já sem receber”, explicou o deputado.
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Ao g1, o Ipasgo afirmou que não é verdade que a rede credenciada está há meses sem receber pelos serviços prestados. Em nota, o instituto reconheceu que existiram problemas pontuais no pagamento de prestadores devido ao processo de migração de sistemas, mas reforçou que isso não atingiu toda a rede credenciada (leia a nota na íntegra ao fim da matéria).
“Entre setembro e dezembro de 2024, quase 3,3 mil prestadores do Ipasgo Saúde receberam mais de R$ 755,64 milhões. Neste total, estão incluídos R$ 71,7 milhões destinados a 2.601 prestadores pessoa física (médicos e demais fornecedores). Em 2025, já foram realizados R$ 190,72 milhões em pagamentos a prestadores, sendo R$ 23,74 milhões para prestadores pessoas físicas e R$ 166,98 milhões para prestadores pessoa jurídica (como hospitais)”, escreveu o Ipasgo.
Já o Grupo Fácil, que administra o sistema Facplan e está responsável pelo faturamento do Ipasgo, ponderou que a integração do Ipasgo Saúde à ANS foi de alta complexidade e que demandou “alterações significativas em todo o processo de faturamento dos prestadores”. Além disso, disse que está trabalhando junto ao Ipasgo para identificar os valores a serem repassados a terceiros, como médicos e demais fornecedores (veja a nota completa no final da reportagem).
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Fachada do Ipasgo, em Anápolis
Reproduão/Ipasgo
Audiência pública
O evento promovido pela Comissão de Saúde vai acontecer no Auditório 1 da Alego, em Goiânia, além de também ser transmitido ao vivo pelo YouTube no canal TV Assembleia Goiás. A programação divulgada conta com a participação de especialistas e representantes de entidades da saúde. Entre eles, o presidente do Ipasgo, Vinícius de Cecílio Luz, a presidente do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), Francine Leão, e o presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Arthur Silveira Miranda.
O g1 teve acesso ao documento com as reivindicações dos 600 médicos credenciados no Ipasgo que vão ser abordadas durante o evento. No documento, os profissionais pedem a regularização dos pagamentos pendentes referentes aos meses de julho, agosto setembro, outubro e novembro de 2024. A médica representante dos profissionais, Lara Roberta Marques, detalhou sobre essas reivindicações.
“Eles não estão pagando os procedimentos de julho, agosto e setembro. Eles não vão conseguir auditar, então provavelmente vamos ficar no prejuízo. Outubro, novembro e dezembro, do mesmo jeito. Eles pagaram consultas, mas não os procedimentos’, disse a médica.
“O Ipasgo tentou passar as consultas, os procedimentos honorários para o hospital, só que o hospital também não tem essa condição de saber o que está sendo pago. E a gente não aceitou receber via hospital, porque a gente vai sofrer tri tributação: o hospital emite nota para o Ipasgo, a gente emite nota para o hospital e depois a gente tem que declarar isso”, completou.
Sede do Ipasgo em Goiânia
Reprodução/TV Anhanguera
Além disso, os médicos ligados ao Ipasgo pedem:
Data fixa para pagamento;
Atualização da tabela de Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM);
Realização de pagamentos simultâneos para honorários de consultas, cirurgias e procedimentos, consolidados em um único demonstrativo, com a disponibilização de demonstrativos detalhados em até 7 dias após o pagamento;
Cobrança de diferença de acomodação e honorários de instrumentação cirúrgica;
Pagamento direto aos médicos via pessoa jurídica ou física, rejeitando pagamentos feitos via hospitais;
Adicional noturno para procedimentos;
Exigência de identificação dos auditores responsáveis pela liberação de guias.
Especificamente em relação aos pagamentos dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2024, o Grupo Fácil disse que foram promovidos “ajustes nos arquivos enviados pelos hospitais, possibilitando a liberação dos pagamentos aos terceiros na semana passada, acompanhados dos respectivos demonstrativos disponíveis no portal”.
“O mesmo procedimento está sendo aplicado aos arquivos de janeiro e continuará sendo adotado até que o processo esteja completamente adequado”, disse a diretoria do grupo, em nota.
Paralisação de serviços
O advogado que representa o grupo de médicos, Marcelo Celestino, explicou que a insatisfação dos prestadores de serviços, especialmente em relação aos atrasos nos pagamentos, poderá resultar em paralisação dos serviços de saúde. Segundo a médica Lara Roberta Marques, uma greve está prevista para a próxima terça-feira (18), para o caso de as reivindicações não serem atendidas.
“O Ipasgo enfrenta um cenário crítico, com riscos significativos à continuidade da assistência à saúde de seus segurados, em razão de atrasos nos pagamentos aos prestadores de serviços”, escreveu o advogado no parecer jurídico sobre a situação do Ipasgo.
“Caso não sejam adotadas medidas urgentes para regularizar os pagamentos, o impacto na rede assistencial poderá ser grave, prejudicando milhares de segurados”, acrescentou.
Nota do Ipasgo na íntegra:
“Não é verdade que a rede credenciada está há meses sem receber pelos serviços prestados. Tanto, que entre setembro e dezembro de 2024, quase 3,3 mil prestadores do Ipasgo Saúde receberam mais de R$ 755,64 milhões. Neste total, estão incluídos R$ 71,7 milhões destinados a 2.601 prestadores pessoa física (médicos e demais fornecedores).
Outro fato que refuta as alegações sobre falta de pagamento é que, em 2025, já foram realizados R$ 190,72 milhões em pagamentos a prestadores, sendo R$ 23,74 milhões para prestadores pessoas físicas e R$ 166,98 milhões para prestadores pessoa jurídica (como hospitais) – efetuados dentro do prazo contratual, segundo o qual os pagamentos devem ocorrer em 60 dias após a apresentação da fatura.
Desse montante, R$ 6,31 milhões foram pagos no último dia 31, após reprocessamento das contas, referentes a honorários médicos que anteriormente haviam sido repassados aos hospitais. Os demonstrativos desses pagamentos estão disponibilizados no Portal do Prestador.
O Ipasgo Saúde reconhece que, em decorrência do processo de migração de sistemas, houve problemas pontuais no pagamento de prestadores, mas que nunca atingiram toda a rede credenciada. Casos excepcionais e, eventualmente, remanescentes estão sendo tratados para que sejam resolvidos de forma definitiva.
Sobre o número de glosas, o plano de saúde esclarece que o aumento reflete o aprimoramento nas análises das contas médicas, mas que os prestadores podem, via sistema, ingressar com recurso de glosa, por meio do qual é possível apresentar comprovações e solicitar revisão.
Outro fato que contradiz as alegações diz respeito à tabela de remuneração da rede credenciada, visto que houve recomposição de preços em agosto de 2022, ou seja, há pouco mais de dois anos. Essa nova tabela representou um incremento de R$ 200,8 milhões por ano nas despesas assistenciais do Ipasgo Saúde. Apesar desse fato, o Ipasgo Saúde entende a necessidade de atualizar a remuneração. A instituição está aberta ao diálogo com as categorias para avaliar possíveis ajustes, sempre considerando a viabilidade financeira e a sustentabilidade do sistema.
Por fim, o Ipasgo Saúde reitera que trabalha diuturnamente para superar as dificuldades operacionais ocasionadas pela adoção de um sistema adequado às normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e que todos seus esforços tem objetivo de garantir atendimento pleno à rede e aos beneficiários.”
Nota do Grupo Fácil na íntegra:
“O Grupo Fácil esclarece que este é um projeto de alta complexidade, que envolve diversos desafios decorrentes de uma mudança cultural enraizada há mais de 60 anos. A integração do Ipasgo Saúde à ANS demandou alterações significativas em todo o processo de faturamento dos prestadores.
Atualmente, estamos trabalhando em conjunto com o Ipasgo para oferecer suporte aos prestadores no envio dos arquivos conforme o padrão ANS (TISS), garantindo a identificação clara e precisa dos valores a serem repassados a terceiros, como médicos e demais fornecedores.
Em relação aos meses de outubro, novembro e dezembro, o Grupo Fácil e o Ipasgo Saúde promoveram ajustes nos arquivos enviados pelos hospitais, possibilitando a liberação dos pagamentos aos terceiros na semana passada, acompanhados dos respectivos demonstrativos disponíveis no portal. O mesmo procedimento está sendo aplicado aos arquivos de janeiro e continuará sendo adotado até que o processo esteja completamente adequado”.
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