Extrema direita da Áustria fracassa em tentativa de formar governo

O chefe do partido austríaco de extrema direita FPÖ, Herbert Kickl, em 6 de janeiro de 2025 em VienaJOE KLAMAR

Joe Klamar

O partido de extrema direita da Áustria, o FPÖ, renunciou, nesta quarta-feira (12), a formar um governo de coalizão com os conservadores, reticentes com seu projeto, pondo fim a vários dias de tensões.

Seu líder, Herbert Kickl, informou ao presidente Alexander Van der Bellen da decisão.

“Embora tenhamos feito concessões sobre diversos pontos (…), as negociações, infelizmente, não deram fruto”, afirmou em sua mensagem, recusando o mandato que lhe haviam dado em 6 de janeiro.

Os conservadores do ÖVP criticaram “a sede de poder e a intransigência” de Kickl. “Não estava disposto a chegar a um acordo e a estabelecer uma colaboração de igual para igual”, nas palavras de seu secretário-geral, Alexander Pröll.

As negociações começaram há pouco mais de um mês entre o FPÖ, que liderou pela primeira vez as legislativas de setembro com quase 29% dos votos, e o OVP (26,3%).

Em meio ao choque do resultado, a direita primeiro disse que queria formar uma coalizão “com todos, exceto Kickl”, com a esquerda e os liberais. Mas não se chegou a nenhuma aliança.

O ÖVP então se aproximou de seu inimigo, citando uma promessa de campanha. Mas as tensões logo surgiram.

A extrema direita se agarrou ao Ministério do Interior, mas os conservadores, que já haviam cedido essa pasta a eles em 2017, se deram mal com a experiência: os serviços de inteligência ocidentais haviam se distanciado por causa das ligações entre a formação de extrema direita e a Rússia.

A direita já governou duas vezes com o FPÖ na Áustria. Mas, nesses casos, ela dominou o Executivo e representou o país em Bruxelas, com uma agenda pró-europeia.

Desde o início das negociações, Kickl optou por uma linha dura e, para construir sua “fortaleza Áustria”, pediu o retorno à neutralidade estrita e o fim da primazia da lei europeia.

Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas em Viena para defender os direitos fundamentais desde o início das negociações da coalizão.

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