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JACK GUEZ
Egito e Catar conseguiram “superar obstáculos” que ameaçavam a trégua entre Israel e o movimento palestino Hamas em Gaza, informou a imprensa egípcia nesta quinta-feira(13), depois que as negociações ficaram paralisadas por vários dias.
O canal egípcio Extra News, citando uma fonte oficial, informou que Israel e o Hamas estão totalmente comprometidos, após uma série de disputas que lançaram dúvidas sobre a implementação do acordo e a iminente libertação de reféns mantidos em Gaza no sábado.
O Hamas havia declarado que estava comprometido com o acordo, desde que Israel honrasse sua parte.
O cessar-fogo, que entrou em vigor em 19 de janeiro, prevê a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos. Mas o Hamas anunciou no início desta semana que a próxima troca seria adiada para sábado, 15 de fevereiro, sujeita ao “cumprimento” do acordo e aos “compromissos retroativos das últimas semanas”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou na terça-feira o Hamas com “combates intensos” na Faixa de Gaza se não libertasse os reféns, e o presidente americano, Donald Trump, alertou que se o movimento islamista não libertasse “todos” os prisioneiros em Gaza, o “inferno” se instalaria.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, disse que se os combates recomeçassem, a guerra em Gaza seria “de uma intensidade diferente de antes do cessar-fogo”.
Trump, cujo retorno à Casa Branca encorajou a extrema direita em Israel, provocou indignação global ao propor a tomada de Gaza pelos Estados Unidos e o deslocamento de sua população para o Egito e a Jordânia. Esses dois países rejeitaram categoricamente essa ideia.
– “Um inferno insuportável” –
Duas fontes palestinas relataram “progressos”, dizendo que os mediadores conseguiram fazer com que Israel prometesse implementar as disposições do protocolo humanitário a partir desta quinta-feira.
Se essa promessa for confirmada, materiais pré-fabricados, tendas, combustível, equipamentos pesados, medicamentos, materiais para reforma de hospitais e suprimentos relacionados ao protocolo humanitário poderão começar a ser levados para Gaza, disse outra fonte à AFP.
Um porta-voz do primeiro-ministro israelense disse que seu país não permitiria que “maquinário pesado” entrasse em Gaza pelo posto de Rafah, que fica ao sul do território e se conecta ao Egito.
Centenas de milhares de deslocados retornaram ao norte da Faixa de Gaza, uma área densamente povoada antes do conflito, mas deixada em ruínas pelos combates. “Gaza se tornou um inferno insuportável, não podemos viver com esse nível de destruição”, disse Abdul Naser Abu al Omrain.
– “Milhares de vidas dependem disso” –
Em Israel, dezenas de familiares de reféns mantidos em Gaza bloquearam uma rodovia perto de uma área comercial em Tel Aviv com faixas exigindo que os acordos de trégua sejam respeitados, observou um jornalista da AFP.
O estado dos reféns libertados no sábado gerou indignação em Israel, onde a opinião pública ficou chocada com as imagens dos três homens extremamente magros e abatidos sendo interrogados por militantes do Hamas antes de seu retorno.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que está envolvido na entrega dos reféns libertados, pediu que ambos os lados respeitem a trégua, dizendo que “centenas de milhares de vidas dependem disso”.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel causou 1.211 mortes, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas, 73 permanecem em Gaza, das quais pelo menos 35 morreram, de acordo com o Exército israelense.
A ofensiva israelense em Gaza deixou pelo menos 48.222 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestino, considerados confiáveis pela ONU.