Número de pedidos subiu de 58, em 2023, para 101, em 2024. Advogado avalia aumento como “alarmante”. Pedidos de recuperação judicial disparam em Campinas
O número de pedidos de recuperação judicial feitos por empresas em Campinas (SP) cresceu 74,1% em 2024. Segundo levantamento da Serasa Experian, foram 101 pedidos, contra 58 de 2023. Inflação, taxa de juros e dólar alto são apontados como fatores para o crescimento.
“Ano passado nós tivemos uma inflação que de fato subiu muito, isso normalmente é custo para as empresas. Tivemos taxas de juros que começaram a subir por volta da metade do ano e ainda vão continuar subindo. E nós estamos falando de um dólar que também subiu”, explicou Luiz Rabi, economista da Serasa.
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Para o advogado Felipe Granito, o número de pedidos de recuperação pode ser considerado alarmante.
“A recuperação judicial não é um procedimento pequeno, normalmente a empresa tem um passivo muito expressivo, com casos de dívidas que superam os milhões. O impacto é muito grande”, explicou.
Cenário também afeta consumidores
Segundo Granito, o primeiro que sofre o grande impacto de um pedido de recuperação judicial é a empresa devedora.
“A esmagadora maioria dos empresários tem dívidas por conta de cenários políticos, cenários econômicos, macro-financeiro, geopolítico, insuficiência de gestão financeira e empresarial. São inúmeros fatores que levam à crise financeira”, afirma.
Porém, funcionários e consumidores também são prejudicados. Isso porque toda a cadeia produtiva é afetada.
“Basta que a empresa entre em crise e todos os funcionários vinculados vão ter perda da remuneração, sofrer demissões, ter salários não pagos. E quem mais sofre é o cidadão na última ponta, que compra produtos, contrata serviços, e precisa sobreviver”, comentou o advogado
Processo demorado
O aposentado Carlos Nogueira comprou passagens para Portugal em 2022, pela empresa 123milhas. Ele conta que a viagem estava marcada para 2024, mas recebeu e-mail próximo da data informando que a empresa havia entrado em recuperação judicial.
Depois, ele recebeu outros e-mails da empresa pedindo compreensão. Em um deles, a proposta era de pagamento em até 12 anos e meio.
“Até hoje é uma enrolação sobre como vai ser pago. O importante é ter nosso dinheiro de volta”, reclama. Carlos ainda não recebeu os R$ 2 mil que gastou e se revolta com a demora: “eu me sinto um trouxa, é um tapa na cara ver que eles continuam vendendo passagens”.
Granito alerta que o processo é moroso e o consumidor pode levar anos para reaver os valores. “Uma recuperação judicial demora muito para ser finalizada, o credor vai demorar muito para receber, e a empresa está em crise”, afirma.
“Muitas vezes, a recuperação judicial é a última tábua de salvação. Quando uma empresa chega nesse estágio de dificuldade financeira, ela já tentou renegociar com seus credores, alongar dívidas, pegar empréstimos para pagar empréstimos mais antigos. Ela está quase quebrando”, acrescenta Rabi.
O que diz a 123milhas?
A EPTV solicitou posicionamento para a 123milhas, mas a empresa não respondeu até o momento da publicação.
Em nota divulgada à imprensa, a 123milhas disse que vai chegar mais rápido a soluções com os credores e clientes através da recuperação judicial, e que permanece fornecendo dados e esclarecimentos às autoridades competentes sempre que solicitados.
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O número de pedidos de recuperação judicial feitos por empresas em Campinas (SP) cresceu 74,1% em 2024. Segundo levantamento da Serasa Experian, foram 101 pedidos, contra 58 de 2023. Inflação, taxa de juros e dólar alto são apontados como fatores para o crescimento.
“Ano passado nós tivemos uma inflação que de fato subiu muito, isso normalmente é custo para as empresas. Tivemos taxas de juros que começaram a subir por volta da metade do ano e ainda vão continuar subindo. E nós estamos falando de um dólar que também subiu”, explicou Luiz Rabi, economista da Serasa.
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Para o advogado Felipe Granito, o número de pedidos de recuperação pode ser considerado alarmante.
“A recuperação judicial não é um procedimento pequeno, normalmente a empresa tem um passivo muito expressivo, com casos de dívidas que superam os milhões. O impacto é muito grande”, explicou.
Cenário também afeta consumidores
Segundo Granito, o primeiro que sofre o grande impacto de um pedido de recuperação judicial é a empresa devedora.
“A esmagadora maioria dos empresários tem dívidas por conta de cenários políticos, cenários econômicos, macro-financeiro, geopolítico, insuficiência de gestão financeira e empresarial. São inúmeros fatores que levam à crise financeira”, afirma.
Porém, funcionários e consumidores também são prejudicados. Isso porque toda a cadeia produtiva é afetada.
“Basta que a empresa entre em crise e todos os funcionários vinculados vão ter perda da remuneração, sofrer demissões, ter salários não pagos. E quem mais sofre é o cidadão na última ponta, que compra produtos, contrata serviços, e precisa sobreviver”, comentou o advogado
Processo demorado
O aposentado Carlos Nogueira comprou passagens para Portugal em 2022, pela empresa 123milhas. Ele conta que a viagem estava marcada para 2024, mas recebeu e-mail próximo da data informando que a empresa havia entrado em recuperação judicial.
Depois, ele recebeu outros e-mails da empresa pedindo compreensão. Em um deles, a proposta era de pagamento em até 12 anos e meio.
“Até hoje é uma enrolação sobre como vai ser pago. O importante é ter nosso dinheiro de volta”, reclama. Carlos ainda não recebeu os R$ 2 mil que gastou e se revolta com a demora: “eu me sinto um trouxa, é um tapa na cara ver que eles continuam vendendo passagens”.
Granito alerta que o processo é moroso e o consumidor pode levar anos para reaver os valores. “Uma recuperação judicial demora muito para ser finalizada, o credor vai demorar muito para receber, e a empresa está em crise”, afirma.
“Muitas vezes, a recuperação judicial é a última tábua de salvação. Quando uma empresa chega nesse estágio de dificuldade financeira, ela já tentou renegociar com seus credores, alongar dívidas, pegar empréstimos para pagar empréstimos mais antigos. Ela está quase quebrando”, acrescenta Rabi.
O que diz a 123milhas?
A EPTV solicitou posicionamento para a 123milhas, mas a empresa não respondeu até o momento da publicação.
Em nota divulgada à imprensa, a 123milhas disse que vai chegar mais rápido a soluções com os credores e clientes através da recuperação judicial, e que permanece fornecendo dados e esclarecimentos às autoridades competentes sempre que solicitados.
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