![](https://s2-g1.glbimg.com/2HOWWIstEugo6F2kBZHRfh4cFIk=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/p/U/Iigy9iQAe8eYY7opx6IA/whatsapp-image-2025-02-13-at-13.00.18.jpeg)
Local é um dos principais pontos turísticos da capital, usado para banho, passeio e pescaria. Nele, estudo encontrou concentração de cocaína entre as mais altas do mundo. Pesquisadores da UFSC identificam até cocaína em água da Lagoa da Conceição
A pesquisa que detectou a contaminação por cocaína na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, encontrou ainda substâncias como anti-inflamatórios, antibióticos, antidepressivos, sedativos e cafeína no local. A pesquisa foi divulgada na quinta-feira (13) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O estudo, liderado pela professora Silvani Verruck, encontrou 35 “contaminantes emergentes” ao todo.
“Temos algumas substâncias, os antibióticos, que acabam sendo bastante resistentes. É algo que nos chama a atenção porque muito provavelmente, em algumas concentrações, eles vão afetar a flora local, e fauna local, os peixes, siris”, explicou.
✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp
Os produtos são de uso diário e podem estar em cosméticos e itens de higiene pessoal, por exemplo. Eles são liberados pelos humanos na urina e fezes, e chegam até a água, possivelmente, pelo esgoto e descarte dos dejetos direto na água (entenda mais abaixo).
As consequências das substâncias para a fauna e flora locais ainda precisam ser melhor estudadas, e estão sendo analisadas pelo grupo de pesquisadores de Santa Catarina. O resultado da pesquisa, porém, levanta a preocupação e alerta para necessidade de mais monitoramento.
⚠️ A Lagoa da Conceição é uma laguna, localizada na região leste da cidade, e é um dos principais pontos turísticos da capital. O local foi palco de um desastre ambiental em 2021, quando uma lagoa artificial da Casan rompeu e inundou casas, além da lagoa.
Além da água, os 11 pesquisadores analisaram amostras de sedimentos e de peixes. Os contaminates foram encontrados em diferentes quantidades, e particularmente evidentes perto da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do bairro, conforme Silvani, que também é professora do departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da universidade.
As substâncias da cocaína foram observadas em 63% das amostras analisadas. Conforme o estudo, isso sugere uma presença significativa e consistente no ambiente. “A detecção da benzoilecgonina foi particularmente relevante, uma vez que é considerada um marcador para o uso e descarte de cocaína”, informou a UFSC.
➡️ Como contaminantes chegaram na lagoa?
Apesar do estudo não focar nesta pergunta, a pesquisadora explica que uma possibilidade é por meio do esgoto não tratado, o descarte ilegal direto na água, ou até mesmo embarcações
Segundo a prefeitura, os resultados da pesquisa “refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente”. Já a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) apontou que o resultado da pesquisa ocorre por causa do “crescimento populacional e o descarte inadequado de esgoto” (leia íntegra da nota mais abaixo).
Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está contaminada com cocaína: dados ‘surpreendentes, mas esperados’
Divulgação/PMF
➡️ Consumo de animais é seguro?
O estudo não apontou risco. “Então, quanto a isso, o monitoramento contínuo seria o mais importante para seguir avaliando a segurança. Por ora, quanto aos contaminantes avaliados, o consumo humano é seguro”, disse a pesquisadora.
A pesquisa, que foi publicada por meio de um artigo em revista internacional faz parte do Programa de Recuperação Ambiental proposto pela Casan como forma de compensar as consequências do desastre e teve início o rompimento da lagoa de tratamento ocorrido em fevereiro de 2021, que inundou casas e ruas com esgoto sanitário.
Riscos
Conforme a pesquisa, os compostos como o diclofenaco e a cafeína apresentaram altos riscos tanto para exposições agudas quanto crônicas, podendo afetar algas, crustáceos e peixes. Esses resultados indicam que a presença desses contaminantes compromete a saúde e a biodiversidade do ecossistema aquático local.
“”Muito provavelmente, e a gente mostra isso na nossa pesquisa também, em algumas concentrações, dependendo do medicamento e da concentração, eles vão sim afetar a flora local, e a fauna. Então os peixes, os siris, estão sendo afetados por esses resíduos. Olhando para a concentração, estão em concentração baixa, mas sendo continuamente presentes. Então, eles estão sendo expostos continuamente a esses resíduos e essa exposição continua e crônica pode levar a algum malefício”, explicou a professora.
Pesquisa
O estudo faz parte do Programa de Recuperação Ambiental proposto pela Casan como forma de compensar as consequências do desastre ambiental provocado após o rompimento da lagoa artificial de infiltração que recebe efluente tratado da Estação de Tratamento de Esgotos da região. Veja outras informações da pesquisa abaixo:
➡️ Início em a partir do início de 2021.
🗺️ Colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA);
📚 Publicada em 1º de fevereiro de 2025 na revista Science of the Total Environment;
💰 Financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de SC (Fapesc);
👩🔬 🧑🔬 Integrantes: Alice Cristina da Silva; Luan Valdemiro Alves de Oliveira; Luan Amaral Alexandre, Mateus Rocha Ribas, Juliana Lemos Dal Pizzol, Gustavo Rocha, Jussara Kasuko Palmeiro, Maurício Perin, Maurício Perin, Rodrigo Hof, Silvani Verruck
O que diz a prefeitura de Florianópolis
A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que tomou conhecimento do estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre a presença de contaminantes emergentes na Lagoa da Conceição e irá analisar os dados apresentados. A partir dessa avaliação, serão adotadas as providências cabíveis dentro da competência da Secretaria, em diálogo com os órgãos responsáveis pelo saneamento e pela preservação ambiental.
Os resultados refletem os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente. Reafirmamos nosso compromisso com a qualidade da água e a proteção do ecossistema local, além da importância do monitoramento contínuo e da busca por soluções para minimizar esses efeitos e promover um desenvolvimento mais sustentável.
O que diz a Casan
A CASAN informa que o efluente tratado na Estação de Tratamento de Esgoto da Lagoa da Conceição é destinado à Lagoa de Evapoinfiltração (LEI), não sendo lançado na Lagoa da Conceição. Os resultados apresentados pela UFSC não têm relação com o efluente tratado pela CASAN.
A Companhia destaca ainda, que neste ano divulgou o resultado do monitoramento feito ao longo de quatro anos. O acompanhamento foi iniciado após o acidente na encosta de dunas da LEI em janeiro de 2021, quando foram registrados 422,3 milímetros de chuva, enquanto o esperado era de 138,6 milímetros. Foram analisadas características físicas, químicas e microbiológicas de amostras de água salobra, de sedimento, da biota aquática (plâncton e bentos), além de toxicidade da água e sedimentos da Lagoa da Conceição.
O que diz o IMA
A análise feita pelo IMA segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.
Metodologia e legislação
As amostras são analisadas pelo método fluorogênico tendo como substrato o Colilert-18, conforme diretrizes do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 24ª edição, Método 9223 B que consiste na quantificação dos coliformes totais e Escherichia coli. Conforme a Resolução Conama nº 274, de 29 de novembro de 2000, o ponto é considerado “PRÓPRIO” quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros. O ponto é considerado “IMPRÓPRIO” quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior a 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.
O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade do ponto de vista sanitário.
Portanto, são análises e trabalhos diferentes.
✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp
VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias