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Placas serão recolocadas nesta sábado (15). Após encontro com a ONG Rio de Paz, prefeito prometeu a criação de um memorial, que também homenageará policiais mortos, que será erguido para substituir os retratos. Não há data para a criação. Fotos de crianças vítimas da violência são arrancadas de memorial na Lagoa Rodrigo de Freitas
Daniella Dias/ TV Globo
Quase 50 dias após serem arrancadas pela Prefeitura do Rio, as placas com fotos de crianças mortas por balas perdidas no RJ voltarão para a Curva do Calombo, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul da cidade, neste sábado (15).
O retorno acontece após o prefeito Eduardo Paes voltar atrás em sua decisão, na quinta-feira (13), e definir que a homenagem poderá ser recolocada no local.
Em dezembro, às vésperas do réveillon, os cartazes que ocupavam as grades da Curva do Calombo foram removidos. Inicialmente, não se sabia se seria um caso de vandalismo.
Naquele mesmo dia, após a repercussão, Paes foi às redes sociais e afirmou que a homenagem — que estava ali há anos — dependia de uma “prévia autorização da prefeitura”.
Fotos de crianças vítimas da violência antes de serem arrancadas
Divulgação/ONG Rio de Paz
Pacas foram removidas pela Prefeitura do Rio às vésperas do réveillon
Divulgação/ONG Rio de Paz
Após um desconforto com a ONG Rio de Paz, criadora da ação, ficou definido que as placas serão reinstaladas as fotos novamente.
No entanto, ficou definido que, posteriormente, um memorial em homenagem às vítimas da violência será erguido na Lagoa e, então, as imagens instaladas na grade, ao lado da ciclovia, voltarão a ser removidas.
“Desculpa o sofrimento desse período (sem as fotos na Lagoa) para vocês. A dor de vocês é difícil dizer que a gente entende, sabe que a perda é irreparável e essa homenagem aos filhos de vocês não vamos deixar de fazer”, desculpou-se o prefeito, retratando-se sobre como as placas foram removidas.
“A gente proibiu (as fotos) naquele momento. Meu objetivo nunca foi apagar essa memória e impedir que as mães fizessem essa homenagem aos seus filhos. Mas era uma questão mesmo de como é que a gente faz de uma maneira adequada a partir da visão da cidade”, explicou Paes, que prometeu também não mexer na instalação dos policiais assassinados, que está na Lagoa.
Sobre o futuro memorial, Paes pontou que, no local, serão homenageados também policiais mortos. A ideia é ainda representar “a imagem da esperança”.
Eduardo Paes se desculpou após mandar arrancar homenagens às vítimas que estavam na Lagoa
Divulgação/ONG Rio de Paz
“Eles (ONG) vão poder fazer temporariamente essa homenagem e a gente vai fazer um memorial. A gente vai pensar ainda, vamos chamar alguém para fazer isso, para isso ficar registrado. Os policiais também são homenageados nesse mesmo espaço. São tantas crianças, pais, filhos, irmãos, amigos vítimas por causa dessa loucura que é a violência nessa cidade”, lamentou o prefeito.
Após algumas tentativas de encontros com Paes, o fundador da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, comemorou a decisão.
“Estamos satisfeitos (com a volta das placas). O prefeito foi humilde, reconheceu o equívoco e foi pró-ativo. Atendeu todas as nossas reivindicações”, disse.
No encontro estavam Thamires de Assis dos Santos, mãe de Ester de Assis Oliveira, de 9 anos, morta em 2023, por bala perdida, em Madureira, e Bruna da Silva, mãe de Marcos Vinicius da Silva, de 14 anos, morto há 6 anos, na Maré, em operação policial, a caminho da escola.
Bruna mostrou ao prefeito ainda a camisa que o filho usava, do uniforme, quando foi atingido, ainda suja de sangue.
“Nossos filhos vão voltar para a Lagoa. Foi um avanço no dia de hoje”, disse Bruna.
“Só de saber que a foto deles vai voltar já é um começo. Fiquei feliz com o memorial, que é uma forma da gente estar mostrando a nossa luta, o nosso pedido de justiça pelas crianças e que não venham acontecer mais mortes. Infelizmente, sabemos que vão acontecer, mas que elas sejam lembradas”, completou Thamires.
Bruna da Silva, mãe de Marcos Vinicius, de 14 anos, morto há 6 anos, na Maré, levou a camisa do filho suja de sangue ao encontro
Divulgação/ONG Rio de Paz