![](https://s2-g1.glbimg.com/IOvqhwSgBNiHgd8RySCNLtn27EY=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/i/p/hp75sGTauFXhG18MPgMA/whatsapp-image-2025-02-14-at-18.17.31.jpeg)
Aventura no Peru desafia aventureiros pelo chamado bosque nublado. Espécie da cordilheira tem parente no Brasil. Galo-da-serra-andino registrado no Peru
Rodrigo Sargaço/TG
O Brasil tem sete vezes o tamanho do Peru. Mas apesar disso, o país vizinho é um dos locais do mundo com maior diversidade biológica. O território peruano é cortado pela Cordilheira dos Andes que apresenta picos nevados em diversos pontos.
O Peru também conta com relevo menos elevado em algumas áreas. E um dos biomas mais importantes é a chamada “cloud forest” ou bosques nublados, numa tradução para o português. Esse bioma se localiza no sudeste do Peru.
A equipe do Terra da Gente viajou até a região do Parque Nacional del Manu. O parque abrange duas importantes regiões do país em termos de biodiverdidade: a de Cusco e a de Madre de Dios.
Criado em 1973, o Parque Nacional del Manu é considerado patrimônio natural da humanidade, conta com 1,7 milhão de hectares onde já foram registradas 1.025 espécies de aves, 1.307 de borboletas, 221 espécies de mamíferos, 155 de répteis, 15 de primatas e 8 de felinos silvestres, a maioria, residente na área.
Para chegar até o nosso local de observação, a equipe do programa desce a cordilheira. Baixam de quatro mil metros de altitude para aproximadamente mil e quinhentos metros. Uma viagem longa, marcada por muitas curvas e pontes estreitas.
A missão é tentar observar uma das aves mais famosas e formosas do Peru: o galo-da-serra-andino (Rupicola peruvianus). No bosque nublado, chuvas são comuns e diárias. A primeira tentativa de observação foi com chuva. Apesar da condição climática, eles apareceram.
Essa ave é símbolo do Peru
Rodrigo Sargaço/TG
Ave símbolo do Peru
As cores são inconfundíveis. Um vermelho chamativo da crista, que passa pelo peito e meio do dorso, plumagem cinza bem no centro do dorso e cor preta nas laterais e na cauda. A chuva incessante na primeira manhã de observação inibiu uma apresentação mais animada dos galos.
No fim da tarde, a equipe retornou à arena. Os pesquisadores fizeram um levantamento e chegaram à conclusão de que, numa área aproximada de quatro mil hectares, há 14 arenas de apresentação do galo-da-serra-andino, comportamento que ele adota durante o período de reprodução.
A equipe do TG visita uma delas. As aves costumam se apresentar bem cedo e no fim da tarde. Entre a folhagem verde, a ave mais famosa da região e do país, surge para encantar os observadores.
O galo-da-serra-andino exibe um vibrante contraste de cores, com tons de vermelho, cinza e preto em sua plumagem.
Rodrigo Sargaço/TG
“Aqui estamos no meio da mata de nuvens, a aproximadamente 1.500 metros de altura. A subespécie que temos aqui é rupicula peruvianus saturatus. A cor vermelha é muito mais saturada nesta subespécie. Aqui é um lugar onde os machos se encontram para dançar, cantar e impressionar as fêmeas. Na época de pareamento, que é entre setembro e dezembro, as fêmeas vêm aqui. Então eles começam a dançar, começam a cantar e a fêmea vai pegando o macho que canta melhor ou que dança melhor”, explica o guia José Antonio Padilla.
Quando a ave limpa as penas, é possível ver em detalhes as cores. O vermelho intenso, contratas-te com a plumagem escura. Depois de alguns minutos, vimos vários galos juntos. Os machos fazem uma vocalização típica na arena.
“Os machos vêm praticamente o ano inteiro. Primeiro, porque eles querem sempre copular e segundo porque, se uma fêmea vem só para ver e não achar nenhum macho ela vai embora e esse ponto pode desaparecer. Então, os machos querem sempre marcar o território, vir aqui o ano inteiro,”, detalha José.
Primo, não tão distante
Galo-da-serra é presente localmente nas serras fronteiriças do norte do Brasil
Rudimar Narciso Cipriani/Acervo TG
Não é só o Peru que vivem os galos-da-serra. Aqui no Brasil, um “primo” dessa ave habita a região norte, na Floresta Amazônica.
O galo-da-serra (Rupicola rupicola) pode ser encontrado nos estados do Amazonas, Amapá, Pará e Roraima. A principal diferença entre eles é a coloração. No macho, a espécie apresenta uma coloração alaranjada por inteiro. Apenas nas pontas das asas e da cauda, a plumagem tem cor preta. Já a fêmea é marrom-escura.
Aqui, o galo-da-serra mede em média 28 centímetros. A ave da família Cotingidae é frugívoro, mas também se alimenta de insetos, lagartixas e rãs. O galo-da-serra brasileiro também faz arenas para cortejar a fêmea, cena inclusive flagrada com pioneirismo pela equipe do TG na década de 90.
O galo-da-serra se alimenta de insetos e frutas e regurgita as sementes
Glauco Luiz/VC no TG
A fêmea geralmente bota dois ovos que são chocados por vinte e sete dias. No Brasil, o período de reprodução vai de novembro a abril.
No Brasil ou no Peru, o galo-da-serra é sem dúvida, uma das espécies mais exuberantes da natureza. Só quem teve a oportunidade de observar essa ave de perto, sabe da emoção em estar numa arena, diante de um verdadeiro espetáculo.
Vídeos: Destaques do Terra da Gente
Veja mais conteúdos sobre natureza no Terra da Gente