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Bertrand GUAY
A ministra britânica do Desenvolvimento Internacional, Anneliese Dodds, anunciou nesta sexta-feira (28) a sua renúncia ao governo trabalhista devido aos cortes na ajuda externa ordenados pelo primeiro-ministro, Keir Starmer, para aumentar os gastos com defesa.
“Esses cortes privarão pessoas desesperadas de alimentos e assistência médica”, disse Dodds em uma carta a Starmer publicada no X.
O líder britânico prometeu na terça-feira aumentar os gastos com defesa do Reino Unido para 2,5% do Produto Interno Bruto até 2027, mas ordenou um corte no orçamento de ajuda ao desenvolvimento internacional de 0,5% para 0,3% do PIB para pagar por isso.
Dodds observou que, embora veja a necessidade de aumentar os gastos com defesa – já que “a ordem mundial do pós-guerra entrou em colapso” -, ela esperava que houvesse um debate coletivo para encontrar o financiamento.
Starmer admitiu em sua resposta que cortar os fundos de ajuda foi “uma decisão difícil e dolorosa”. “No entanto, proteger nossa segurança nacional deve ser sempre o primeiro dever de qualquer governo”, acrescentou.
Dodds expressou o receio de que os planos de ajudar as pessoas em Gaza, na Ucrânia e no Sudão, assim como de apoiar a mudança climática e os programas de vacinação, sejam deixados de lado.
“Será impossível manter essas prioridades, dada a profundidade dos cortes”, advertiu.
Starmer procurou acalmar suas preocupações assegurando que seu governo “continuará a proteger programas vitais, inclusive aqueles nas piores zonas de conflito do mundo”.
Dodds é a quarta ministra a deixar o gabinete de Starmer desde que os trabalhistas venceram as eleições do ano passado, pondo fim a 14 anos de governo conservador.