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Em uma noite de céu limpo e tempo abafado, cinco escolas de samba encantaram as arquibancadas lotadas da Passarela Nego Quirido, na sexta-feira (28), na primeira rodada de desfiles em Florianópolis.
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Cinco escolas de samba deram um espetáculo cheio de energia na Passarela Nego Quirido, em Florianópolis – Foto: Divulgação/Mafalda Press/ND
Nação Guarani, Dascuia, Acadêmicos do Sul da Ilha, Coloninha e Copa Lord agitaram a avenida das 21h10 de sexta-feira às 3h40 da madrugada de sábado (1º).
O calor não impediu a plateia de dançar junto com as escolas, enquanto os sambas-enredo ressoavam em coro pela Nego Quirido. Os integrantes mais velhos eram os mais animados. A apenas dez metros de cruzar a linha de chegada, ainda sobrava energia para entoar o samba-enredo a plenos pulmões.
Das ervas sagradas, passando pelos deuses gregos e orixás, e terminando com as telas do artista Hassis, as escolas de samba trouxeram à Nego Quirido uma diversidade característica do Carnaval.
Veja como foi o primeiro dia de desfiles das escolas de samba em Florianópolis
Nação Guarani
Primeira escola a desfilar na Nego Quirido no Carnaval 2025, a Nação Guarani, de Palhoça, entrou na passarela às 21h10 para exaltar a ancestralidade indígena e africana, com destaque para a natureza e suas divindades.
O samba-enredo “Os Filhos do Tambor – Espíritos Indígenas, Mensageiros dos Orixás”, celebrou as tradições e forças espirituais das culturas dos povos nativos e afro-brasileiros, evocando os elementos místicos e sagrados da natureza e invocando espíritos ancestrais e dos orixás, como Xangô e Obatalá.
Completando 15 anos, a última parte do desfile fez referências aos sambas históricos da escola, além de homenagear seu fundador, Márcio Schitz, falecido há um mês.
De acordo com a Comissão Permanente do Carnaval, a escola já deve começar a apuração com perda de pontos. Isso porque a comissão contou apenas 97 integrantes na bateria, sendo que a quantidade mínima, segundo o artigo 4º regulamento do desfile, é de 120 ritmistas.
Dascuia
Para a matriarca da Dascuia, Dona Valdeonira, o samba-enredo deste ano representou “uma aula de história”. A segunda escola a desfilar, às 22h30 de sexta-feira, homenageou Zacimba Gaba, princesa africana que se tornou símbolo da resistência à escravidão no Brasil.
O enredo “Zacimba Gaba – A princesa da liberdade” narra a trajetória da princesa desde sua captura em Cabinda, na Angola, até sua libertação e aquilombamento no estado do Espírito Santo.
A rainha de bateria Eduarda Mendes, 32 anos, encantou o público ao sambar grávida de 8 meses. Ela garante que o primeiro filho, que se chamará Lucca, “vai nascer Dascuia, com certeza”.
Acadêmicos do Sul da Ilha
A Acadêmicos do Sul da Ilha entrou na avenida às 23h50 e trouxe “um arrastão de amor”. A azul e rosa da Tapera chamou atenção pelos carros alegóricos detalhadamente decorados e uma Comissão de Frente com roupas que esguicham água.
O enredo “Os Sete Segredos do Mar” trouxe “histórias de pescador” que permeiam o imaginário de quem tem a vida e o trabalho associados ao mar, como tesouros, sereias e serpentes gigantes. Essas histórias e mistérios das águas foram relembradas pela escola neste ano.
Uma cena curiosa foi protagonizada por um simpático cachorro caramelo, que entrou na pista enquanto a primeira ala passava. O animal andou no meio dos foliões, mas foi retirado do desfile logo em seguida.
Unidos da Coloninha
Com o tradicional canto “Sou Coloninha, uma explosão de amor”, a Unidos da Coloninha mais uma vez levantou a plateia da passarela Nego Quirido. Penúltima a desfilar na madrugada de sábado, a escola da região continental de Florianópolis levou o tema “Benzimento: o poder das 7 Ervas Sagradas” à avenida.
Apesar do espetáculo carregado de energia, a escola entrou na avenida já com uma penalização garantida, por não ter entregado o book — documento técnico com detalhes do desfile — aos jurados.
Para compensar, a Coloninha fez questão de erguer placas com os nomes de cada ala para facilitar a identificação pelos jurados. “A gente quer mostrar que é a gigante do Continente só por desfilar. Com book ou sem book, vamos passar e ser avaliados sim porque nós estamos com um lindo carnaval”, disparou o presidente da escola, Duda Neto.
Movida pelos poderes das ervas sagradas, a escola levou o público por uma viagem que passou pela África, Américas, Império Romano, Índia e Grécia. Ao fim do desfile, houve pressa e gritaria para terminar no tempo.
Embaixada Copa Lord
O último desfile do primeiro dia do Carnaval de Florianópolis ficou por conta da segunda escola de samba mais antiga da capital catarinense, a Embaixada Copa Lord. Com um enredo homenageando Hassis, pintor importante para a cultura manezinha, a escola agitou a torcida com o show da sua bateria e emocionou os foliões que dançaram na avenida.
O carnavalesco William Tadeu explicou que a escola buscou entender o olhar de Hassis sobre o mundo para refleti-lo no enredo. “O Hassis é arte e a identidade de Florianópolis, então a preparação foi se inspirar nas telas dele, entender como ele representa a cidade e traduzir isso, fazer a comunidade entender. E o pessoal comprou muito a ideia”.
O desfile de 2025 é o primeiro da Copa Lord, em muitos anos, sem Seu Lidinho, icônica figura da escola e do Carnaval de Florianópolis, falecido em agosto do ano passado. “A gente se emocionou bastante durante todo o processo, né? É uma figura que a gente sempre lembra e está todo mundo emocionado também para honrar a memória dele. Com certeza ele está aqui entre nós hoje”, pontuou Tadeu.