Imagens de satélite da base naval da Baía de Guantánamo, em Cuba, mostram a construção acelerada de mais de 100 novas estruturas, segundo uma reportagem da ABC. A estratégia faria parte dos planos do presidente Donald Trump para abrigar dezenas de milhares de migrantes no local, que apesar de estar em solo cubano, a administração fica a cargo dos Estados Unidos. Detalhes das imagens As imagens do Planet Labs analisadas pela ABC News mostram aproximadamente 175 novas estruturas. A maioria, prédios temporários e tendas de lona, construídas entre os dias 2 e 19 de fevereiro.
Guantánamo tem tradição em abrigar, por exemplo, refugiados haitianos e cubanos interceptados no mar. No final de janeiro, Trump deu indicativos de mudança nesse perfil, dizendo que levaria para o complexo os “piores imigrantes ilegais criminosos”.
Desde então, em poucos dias, cerca de 50 novas estruturas foram montadas.
“O Departamento de Defesa está comprometido em garantir que todos os indivíduos alojados nessas instalações temporárias sejam tratados de acordo com os padrões do DHS/ICE”, disse um funcionário do DHS à ABC News.
Logo após o primeiro voo de migrantes chegar a Guantánamo, em 5 de fevereiro, a construção foi acelerada com 125 novas estruturas rapidamente montadas perto do campo de aviação. Um funcionário do Departamento de Segurança Interna confirmou à ABC News que os militares ergueram um total de 195 tendas “em preparação para abrigar temporariamente estrangeiros ilegais”.
De acordo com a ABC, o secretário de Defesa Pete Hegseth descreveu a instalação como o “lugar perfeito” para abrigar “estrangeiros criminosos de alta prioridade” antes de serem deportados. Por enquanto, no entanto, nenhuma das tendas foi usada para abrigar migrantes detidos, segundo um funcionário estatal. Migrantes foram levados para o Centro de Operações de Migrantes de Guantánamo, que pode abrigar até 50 detidos, e instalações prisionais separadas. As tendas construídas recentemente não foram usadas porque as instalações não atendem aos padrões para abrigar migrantes definidos pelo Departamento de Segurança Interna, incluindo ter ar condicionado, de acordo com dois funcionários dos EUA.
O Almirante da Marinha Alvin Holsey disse, durante uma audiência há duas semanas, que as tendas foram projetadas para abrigar 2.500 pessoas. Migrantes que foram brevemente alojados na Baía de Guantánamo descreveram as instalações como apertadas e dilapidadas, e que só foram autorizados a sair duas vezes em duas semanas, e tiveram acesso negado a seus advogados.
“Quando chegamos lá, os quartos tinham teias de aranha, tinham um cheiro nojento, um quarto nojento que parecia nunca ter sido aberto, como quando você abre um quarto e sente aquele cheiro horrível de umidade”, descreveu um ex-detento à ABC News.
Embora o governo Trump tenha prometido que a instalação seria usada para abrigar migrantes de “alta ameaça”, como membros da gangue venezuelana Tren de Aragua, alguns dos detentos que falaram com a ABC News não tinham antecedentes criminais.
“Eu diria que não é justo nos levar para lá porque somos imigrantes e não cometemos nenhum crime para sermos levados para aquela prisão tão feia”, disse outro detento, Jhoan Lee Bastidas Paz.
