MP-SP recorre à Justiça para ampliar pena de agressores do humorista Eddy Jr. em caso de racismo


Para promotoria, a condenação não levou em consideração todos os agravantes do caso. Ao g1, vítima falou sobre depressão e prejuízos financeiros enfrentados após os episódios vividos em 2022, quando foi chamado de macaco, ladrão e sujo pela ex-vizinha Elisabeth Morrone. Eddy Junior lamenta pena de regime aberto de vizinha racista
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) recorreu à Justiça paulista para que os agressores do humorista Eddy Júnior tenham suas penas aumentadas. Mãe e filho foram condenados por injúria racial e ameaça, respectivamente, em 26 de fevereiro — quase três anos após os crimes.
➡️ Elisabeth Morrone: recebeu a pena de 1 ano e 2 meses de prisão pelo crime de injúria racial, após chamar o então vizinho de “macaco”, “ladrão” e “sujo”, além de 1 mês e cinco dias de detenção pelo crime de ameaça, em regime aberto, e pagamento de uma multa;
➡️ Marcos Vinicius Morrone: foi condenado a 2 meses de detenção por ameaça, também em regime aberto.
Para a promotora Natália Rosalem Cardoso, a condenação não levou em consideração todos os agravantes do caso, como os danos psicológicos sofridos pela vítima, que precisou se mudar do prédio em que morava, onde as agressões ocorriam, devido ao assédio constante dos agressores.
A promotoria também pediu que a Justiça fixe um valor mínimo para reparação dos danos morais causados pelas ofensas de cunho racial cometidas por Elisabeth. Segundo o MP, o pedido se baseia na necessidade de garantir justiça à vítima.
Em entrevista ao g1, Eddy Jr. já havia manifestado o interesse de recorrer da sentença dada em primeira instância. Ele se disse surpreendido pelas penas impostas e afirmou que elas “não contribuem em nada para a luta contra o racismo no país”.
“Dessa forma, a gente nunca vai conseguir combater o racismo. Desse jeito nunca vai mudar, as coisas vão continuar sendo desse jeito. Só mostra que a Justiça é falha em relação ao racismo e que outras pessoas podem continuar sendo racistas porque a pena é essa. Não é nada”, desabafou.
O humorista Eddy Jr fala da depressão e do processo de volta ao trabalho, após o episódio de racismo de 2022.
Reprodução/g1
Na ocasião, o humorista falou ainda sobre os impactos que os episódios vividos em 2022 tiveram em sua vida: o levaram à depressão, ao endividamento e à perda da vontade de viver.
“Infelizmente após o caso fiquei muito mal da cabeça. Precisei começar a me tratar, não consegui mais trabalhar. Tive que entregar o meu apartamento porque eu também não conseguia mais continuar morando lá. Me sentia muito mal. Tive que pagar uma multa gigantesca pra entregar o apartamento. Com essa multa fiquei endividado, acabei ficando pior ainda”, contou.
Condenação da idosa e do filho
Elisabeth Morrone e o filho fazem ameaças contra Eddy Júnior na noite de 18 de outubro, em condomínio da Barra Funda.
Reprodução/TV Globo
Em nota, a defesa de Elisabeth e Marcos contestou a condenação, alegando que o filho não poderia ter sido condenado. “Provamos nos autos que ele é incapaz, tem uma anomalia mental e sua mãe é sua curadora legal. Não houve um laudo adequado, o que configura nulidade processual. Ele não cometeu crime algum”, afirmou a defesa.
Sobre Elisabeth, o advogado José Beraldo argumentou que a cliente não usou termos racistas contra a vítima. “Ela não chamou esse senhor de ‘macaco’, disse ‘caco’, e temos um laudo pericial que foi ignorado pelo juiz. Além disso, ela já se mudou voluntariamente do apartamento.”
O advogado ainda criticou a condução do caso: “O que vimos foi uma verdadeira hostilidade. A vítima se vitimizou, ganhou visibilidade com isso e expôs Elisabeth e seu filho, que não cometeu injúria racial e não é racista. Vou demonstrar ao tribunal que houve erro judicial e já recorri da decisão.”
Fantástico traz imagens inéditas de agressões sofridas por Eddy Jr.
Câmera registra vizinhos com faca e garrafa na porta de humorista vítima de racismo em SP
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