
Pelo menos 20 vítimas fizeram registros de ocorrência em delegacias do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana. Todas afirmam que não conseguem mais contato com Matheus Araújo desde o último sábado (8). Matheus Araújo e Silva, investigado após 12 denúncias por estelionato
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Dezenas de pessoas alegam que foram vítimas de um golpe ao comprarem ingressos falsos para falsos camarotes na Sapucaí para os desfiles do carnaval. O prejuízo registrado até a publicação desta reportagem é de R$ 132,4 mil. O autor do golpe, segundo as denúncias, é Matheus Araújo e Silva.
Pelo menos 20 vítimas fizeram registros de ocorrência em delegacias do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana. Todas afirmam que não conseguem mais contato com Matheus Araújo desde o último sábado (8).
Nas conversas com as vítimas, ele afirmava que trabalhava na Assembleia Legislativa do Rio e que os camarotes eram uma cortesia para quem trabalhava na Alerj.
No entanto, o Diário Oficial mostra que Matheus entrou na Alerj em 2021 e foi exonerado em 2023.
Matheus foi exonerado da Alerj em março de 2023, mas prometeu cortesias de ingressos para camarotes da Sapucaí em 2025
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Em áudios enviados às vítimas do golpe, ele afirma que tinha cortesias para dois camarotes: Nosso Camarote e Camisa 10.
“Como você sabe, eu trabalho no Estado, eu trabalho na Alerj, né? E, como você sabe, o maior patrocinador do carnaval do Rio é o Governo. Todo ano a gente recebe direito de por na lista nomes. A gente tem entrada para os dois: dia 28 eu quero ir no Nosso Camarote, no dia 1 eu quero ir no Camisa 10, no dia 2 eu quero ir no Nosso Camarote de novo. Você escolhe, tá ligado?”
Amigos e familiares relataram ao g1 que Matheus estaria viciado em apostas, e teria realizado todo o esquema para pagar dívidas relacionadas ao vício.
Os depoimentos indicam que Matheus contava às vítimas que trabalhava na Alerj e oferecia camarotes para assistir aos desfiles, com valores variando entre R$ 200 e R$ 1 mil.
Uma das vítimas, que conhece Matheus, disse que acreditou na oferta dele e repassou as informações a vários amigos. Em confiança, dezenas de pessoas fizeram pix para essa pessoa, que passou mais de R$ 31 mil para Matheus.
“Até sexta-feira, ele estava mandando mensagens até à tarde, confirmando tudo, e todo mundo aguardando o e-mail com o ingresso chegar. À noite, as minhas mensagens não chegavam mais para ele. Eu ligava e não completava a ligação”, disse a vítima, que pediu para não ser identificada.
Prejuízos
Matheus Araújo, segundo relato de vítimas, deixou de responder mensagens desde o último sábado (8)
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Uma outra vítima, que também registrou o caso em uma delegacia após ter sofrido o golpe e perder R$ 600, afirmou que começou a desconfiar quando viu que havia muitas pessoas esperando para receber os convites, mas que resolveram dar um voto de confiança para ele.
“Eu nunca sofri um golpe, eu sou muito desconfiada. A informação que chegou até mim é que ele trabalhava na Alerj e que os funcionários recebiam cortesias para os camarotes na Sapucaí. Como não era todo mundo que iria utiliza essas cortesias, elas seriam repassadas por um valor relativamente simbólico, se for comparar com o valor normal desses ingressos”, afirmou.
“Ele estava tranquilizando a gente dizendo que se desse algum problema com a “lista”, ele devolveria o dinheiro de todo mundo”, relatou a vítima, que não quis se identificar.
“Até que finalmente, no dia 2 de março, ele disse que tinha dado ruim mesmo e que ia devolver o dinheiro de todo mundo até o dia 5” contou a vítima. No entanto, era mais uma promessa que não seria cumprida.
“No dia 5, ele disse que tinha atingido o limite do pix daquele dia, e que pagava no dia seguinte. No dia seguinte, ele fez a mesma coisa. E nodia seguinte, ele desapareceu, parou de receber mensagens do Whatsapp, e alguns amigos que tinham o ‘Buscar’ dele do Iphone sinalizaram que ele tinha saído do Rio de Janeiro”
Segundo ela, outras pessoas que sofreram o golpe se juntaram em um grupo de whatsapp que já tinha 100 pessoas até a tarde desta segunda-feira.
Algumas das vítimas contaram que chegaram a conversar com a mãe de Matheus, Monike, sobre toda a situação. O g1 entrou em contato. A mãe de Matheus disse que conversou com algumas pessoas para tentar honrar o pagamento das dívidas, e que não sabia onde está o filho.
Procurada, a Alerj não se manifestou até a publicação desta reportagem.