
Cobrança de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos entrou em vigor nesta quarta-feira (12). Produtos representam mais da metade das exportações de Pindamonhangaba, por exemplo. Trabalhador da indústria
Reuters/Alexandre Mota
A cobrança de tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio nos Estados Unidos passou a valer nesta quarta-feira (12). Uma das promessas de campanha do presidente Donald Trump, a decisão tem como objetivo priorizar a indústria do país norte-americano.
A medida deve afetar a indústria siderúrgica de todo o Brasil, que é o segundo país que mais exporta os produtos para os Estados Unidos – em 2024, foram mais de 4 milhões de toneladas.
Por consequência, o Vale do Paraíba também deve ser afetado, já que conta com indústrias importantes do setor.
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Em Pindamonhangaba, por exemplo, a venda de aço, ferro e alumínio para outros países é responsável por mais de metade das exportações da cidade, segundo o Comex Stat, plataforma do governo federal que divulga dados de importação e exportação.
Exportações de Pindamonhangaba em 2024:
Total: US$ 1,59 bilhão
Aço, ferro e alumínio: US$ 895 milhões (R$5,370 bilhões), o que representa 56% do total
O economista Edson Trajano, da Universidade de Taubaté (Unitau), explica que a medida pode trazer uma redução no preço do aço para o mercado interno a curto prazo, mas que este consumo doméstico não está preparado para absorver todo o volume que não será mais vendido para os Estados Unidos.
“Isso vai aumentar a competição de produtores para o mercado doméstico no curto prazo. Mas o mercado doméstico não está em condições de absorver toda essa exportação que ia para o Estados Unidos, então deve haver uma redução do emprego e da renda no setor da indústria de aço e alumínio no Brasil. Nossa grande preocupação é Pindamonhangaba, município que mais depende desse segmento hoje”, afirma.
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Para tentar diminuir os impactos, o Governo Federal afirma que está estudando medidas para proteger o setor siderúrgico brasileiro.
O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, diz ter recebido “com surpresa” a decisão do governo norte-americano e afirma estar confiante “na abertura de diálogo entre os governos dos dois países”.
“A capacidade de resposta da oferta americana não é tão grande. Se fosse uma tarifa discriminatória contra o Brasil, os Estados Unidos deixariam de importar do Brasil e importariam de outros locais. Mas, como não é uma tarifa discriminatória, eles só vão conseguir reduzir as exportações do Brasil se conseguirem produzir domesticamente, o que é mais difícil. Eles não têm essa capacidade instalada e pronta lá. Se tivessem, já estavam comprando de lá”, explica o pesquisador Samuel Pessoa, que acredita que a decisão dos Estados Unidos pode ser revertida, já que o país não tem condições de produzir toda demanda necessária de aço e alumínio.
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