Ovinocultura no Oeste catarinense: desafios e oportunidades

A ovinocultura tem ganhado espaço no Oeste de Santa Catarina, impulsionada pelas condições climáticas favoráveis e pelo aumento da demanda por carne ovina. Entretanto, para alcançar bons resultados, é essencial adotar práticas de manejo adequadas, escolher raças adaptadas à região e investir em controle sanitário.

Ovinocultura é impulsionada pelas condições climáticas favoráveis da região – Foto: Angélica Albuquerque

Especialistas como Paulo Gregianin, do Sebrae Chapecó, e Juscivete Fávero, médica veterinária e professora da Unochapecó, trazem uma visão aprofundada sobre as escolhas das raças, as práticas de manejo e os caminhos para superar as dificuldades do setor.

Raças ovinas e sua adaptação ao Oeste Catarinense

As condições climáticas do Oeste de Santa Catarina permitem a criação de diversas raças ovinas. No entanto, a escolha das raças deve levar em conta não apenas a adaptação, mas também o objetivo produtivo da propriedade.

De acordo com Gregianin, as raças lanadas Texel e Ile-de-France predominam na região, sendo reconhecidas por sua produtividade em carne e qualidade das carcaças.

Entre as raças deslanadas, Santa Inês, Dorper e suas mestiças são altamente valorizadas, pois apresentam maior resistência a parasitas e ciclos reprodutivos independentes das estações, permitindo a produção contínua de cordeiros ao longo do ano.

“Essas raças deslanadas têm um papel fundamental no vigor híbrido quando cruzadas com raças lanadas, garantindo maior eficiência produtiva”, explica Gregianin.

Texel (esquerda) e Ile de France (direita), estão entre as principais ovelhas lanadas da região Oeste de Santa Catarina. Fotos: Reprodução/Internet

Juscivete complementa que as raças adaptadas às características locais não enfrentam grandes problemas com o clima. “O foco no Oeste é principalmente a carne, e raças como Santa Inês e Dorper, além de adaptáveis, oferecem ciclos reprodutivos consistentes, mesmo em períodos com menos luz, uma vantagem importante para manter a produção regular”, destaca.

Santa Inês (Esquerda) e Dorper (direita), se destacam como raças deslanadas. – Foto: Reprodução/ND

Desafios estruturais e sanitários

Um dos principais obstáculos encontrados na produção de ovinos é a infraestrutura inadequada. A falta de instalações apropriadas, como bretes e contenções, dificulta a aplicação de práticas sanitárias e o manejo eficiente dos rebanhos. Essa carência agrava problemas de saúde animal, como verminose e clostridioses.

Instalações adequadas auxiliam na prevenção de doenças. – Foto: Angélica Albuquerque/ND

A verminose, causada pelo parasita Haemonchus, continua sendo o maior desafio da ovinocultura. Gregianin comenta que, “embora não possa ser totalmente eliminada, é possível controlá-la por meio de manejos preventivos, como o método Famacha, que avalia os animais regularmente, através da mucosa do olho para identificar os sinais de anemia causados pelo parasitas.’’

Através do Método Famacha é possível realizar um tratamento seletivo, ou seja, objetiva vermifugar somente os animais do rebanho que apresentam anemia, facilmente visualizada na mucosa ocular dos ovinos. – Foto: Angélica Albuquerque/ND

Juscivete acrescenta que outras doenças, como enterotoxemias, tétano e podridão dos cascos, geram grandes prejuízos econômicos.

“Vacinas anuais e manejos preventivos são cruciais para evitar surtos e melhorar a eficiência produtiva. Além disso, o casqueamento e o uso de pedilúvios, um recipiente que contém uma solução desinfectante e é utilizado para lavar as patas dos animais, ajudam a prevenir problemas nos cascos.”

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Tecnologia e capacitação como aliados

A adoção de tecnologias modernas e a capacitação dos produtores são essenciais para o crescimento sustentável da ovinocultura.

A pesquisa científica tem papel central no desenvolvimento de soluções práticas, como moléculas mais eficientes para vermifugação, protocolos reprodutivos que expandem a sazonalidade reprodutiva e manejos integrados de pastagens.

Gregianin destaca que a capacitação dos produtores é um dos maiores desafios. “Muitos ainda não reconhecem a importância de adotar novas práticas ou não têm acesso a treinamentos por questões logísticas. A assistência técnica, combinada com a integração da ovinocultura com outras atividades, pode transformar a criação de ovinos em uma atividade economicamente viável até mesmo para pequenas propriedades”, afirma.

O sal mineral balanceado é essencial para complementar a dieta dos animais, fornecendo os nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável. (Na esquerda, sal mineral usado no verão, à direita o usado no inverno) – Foto: Angélica Albuquerque/ND

Potencial econômico e sustentabilidade

O modelo fundiário predominante no Oeste catarinense, com pequenas propriedades familiares, favorece a integração da ovinocultura com outras cadeias produtivas, como a suinocultura e a bovinocultura.

“A cultura cooperativa dos produtores da região é um diferencial, permitindo que pequenos rebanhos sejam rentáveis, especialmente quando integrados a sistemas de rotação de pastagens ou áreas de lavoura no inverno”, explica Gregianin.

Com um plantel de 200 matrizes, já é possível sustentar uma família, segundo estimativas do Sebrae.

“A ovinocultura é uma atividade versátil, que pode ocupar áreas de topografia íngreme e aproveitar ao máximo os recursos locais”, conclui Juscivete.

O futuro da ovinocultura no Oeste catarinense depende da união entre inovação, conhecimento técnico e o espírito cooperativo que já é marca dos produtores locais. Com esses elementos, a atividade tem tudo para prosperar e se destacar no cenário nacional e internacional.

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