Prima da pitanga, mas pouco saborosa: conheça a planta descoberta em Salto de Pirapora e que vai ‘morar’ no Jardim Botânico de Sorocaba


‘Eugenia velutifolia’ é uma planta frutífera encontrada em áreas de Cerrado na cidade. Exemplares serão transferidos para o Jardim Botânico como parte da comemoração aos 11 anos do local. Planta aveludada descoberta em Salto de Pirapora (SP) que vai ‘morar’ no Jardim Botânico de Sorocaba (SP)
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Ela é uma planta aveludada e da família da pitanga, foi descoberta recentemente em Salto de Pirapora (SP) e vai “morar” no Jardim Botânico de Sorocaba (SP). A Eugenia velutifolia, que até então era restrita a pesquisadores e poucos moradores da cidade, agora vai estar em um local público e acessível.
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🌱 Mas quem é essa planta recém-descoberta no interior de São Paulo e que agora estará disponível para o público? O g1 explica.
O gênero Eugênia faz parte da família Myrtaceae, que conta com uma grande variedade de plantas, incluindo a pitanga e o araçá. A espécie encontrada em Salto de Pirapora se apresenta com indumento velutino, ou seja, com uma cobertura aveludada de pelos nas folhas e nos ramos. Por isso o nome Eugenia velutifolia.
A planta foi localizada em uma área de mancha de Cerrado em Salto de Pirapora. Ela tem entre 60 centímetros e 1,3 metro de altura, com ramos cilíndricos ou achatados. As folhas são ovadas ou amplamente ovadas e raramente elípticas.
Fiorella Fernanda Mazine Capelo, engenheira agrônoma, professora e pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
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A Eugenia velutifolia pode ser encontrada em áreas de pastagem na vegetação do Cerrado, entre 600 e 700 metros de altitude. A espécie foi coletada com flores em maio e julho de 2018, mas será apresentada ao público neste sábado (15).
“A descoberta da Eugenia velutifolia reflete a importância crucial dos estudos de flora. Ela tem distribuição restrita ao Cerrado da nossa região, é um testemunho da riqueza e da singularidade da nossa flora”, afirma a engenheira agrônoma, professora e pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Dra. Fiorella Fernanda Mazine Capelo.
A parte não tão legal da descoberta é que os frutos gerados pela planta não são comestíveis. “É uma planta frutífera, mas não são frutos comestíveis. O sabor não é gostoso”, afirma a pesquisadora.
Conforme Fiorella, vários pontos podem ser destacados a partir da descoberta: “A espécie não era conhecida pela ciência. Agora é. A partir disso, muita coisa pode ser feita, inclusive estratégias de conservação dela. O próprio plantio no jardim botânico, uma área protegida, é uma estratégia de conservação da espécie”.
Planta aveludada descoberta em Salto de Pirapora (SP) que vai ‘morar’ no Jardim Botânico de Sorocaba (SP)
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Ela lembra que a descoberta ajuda na ampliação do conhecimento sobre a biodiversidade, “enfatizando toda a riqueza da flora brasileira, além do valor científico para estudos evolutivos e na classificação dos vegetais”.
Há ainda a importância para a conservação, já que a “descoberta de espécies novas pode alertar para a necessidade de proteger esses habitats e evitar a extinção das plantas”.
A pesquisadora também aponta o potencial para a sociedade, como, por exemplo, as aplicações dessas espécies na agricultura e no campo medicinal.
Dentro dos trabalhos, Isabela Martins, aluna de mestrado da UFSCar, está desenvolvendo a germinação das sementes de Eugenia velutifolia.
“É super importante, pois precisamos cultivar essa espécie para auxiliar na conservação dela, já que é conhecida por pouquíssimos indivíduos. Então, entender como funciona a germinação dessas sementes é importante para a preservação da planta”, destaca Fiorella, que é professora na universidade.
Apesar da descoberta recente, a planta já pode ser considerada ameaçada de extinção em função de problemas do seu habitat.
Isabela Martins, aluna de mestrado da UFSCar, está desenvolvendo a germinação das sementes de Eugenia velutifolia
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11 anos do Jardim Botânico
A Eugenia velutifolia estará presente na comemoração dos 11 anos do Jardim Botânico “Irmãos Villas-Bôas”, em Sorocaba, neste sábado, das 9h às 12h, pois um exemplar da nova espécie será plantado no local.
Antes da “apresentação oficial” da planta, Fiorella compartilhará sua trajetória que culminou na criação do maior jardim botânico em número de espécies da América Latina.
O encontro também terá a participação do engenheiro agrônomo e botânico Harri Lorenzi, fundador do Instituto Plantarum e do Jardim Botânico Plantarum.
Jardim Botânico ‘Irmãos Villas-Bôas’, em Sorocaba (SP)
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
“Essa é uma forma de comemorar o aniversário do nosso querido jardim botânico, um dos principais cartões-postais da cidade, e aproximar, ainda mais, a população desse espaço, que é um importante centro de conservação da biodiversidade em nossa cidade. Convidamos a todos que venham prestigiar esse momento especial, com a presença desses importantes especialistas da área”, destaca o secretário da Sema, Neto Malavazzi.
Para o engenheiro agrônomo da prefeitura, Clebson Ribeiro, os 11 anos do Jardim Botânico serão importantes para celebrar as ações implantadas no local.
“Vai ser um momento de entrega e de compartilhamento disso com os, vamos dizer assim, amantes da natureza. É como se fosse um coroamento de um trabalho. A nossa missão aqui é essa, é conseguir compartilhar esse conhecimento e ajudar na conservação ambiental do nosso município e da nossa área aqui também.”
O evento é gratuito e aberto às famílias, sem necessidade de inscrição prévia. O jardim botânico está localizado na Rua Miguel Montoro Lozano, número 340, no Jardim Dois Corações, e funciona de terça a domingo, das 9h às 17h, com entrada gratuita. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3235-1130 ou pelo e-mail: [email protected].
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