
Para aliados, Tarcísio “beija a cruz” ao discursar em ato com críticas ao STF de olho na bênção de Bolsonaro para 2026. Ex-presidente Jair Bolsonaro em ato em Copacabana na manhã deste domingo (16)
Betinho Casas Novas / TV Globo
O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Copacabana, neste domingo (16), não serviu para ampliar a pressão sobre o Centrão pela votação de um projeto de anistia dos condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.
A avaliação é de dirigentes de três partidos de centro-direita. Com adesão aquém do alardeado pelo grupo do ex-presidente, a manifestação acabou por expor que “Bolsonaro está perdendo o mando das ruas”, avaliou um aliado do grupo.
A manifestação serviu também para posicionar expoentes da direita entre os eleitores mais radicais de Bolsonaro, notadamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Tarcísio não só compareceu, como também discursou no ato recheado de críticas e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). O governador recorreu a generalidades, dizendo que soltaram ladrões de dinheiro público e prenderam quem manchou uma estátua com batom.
No STF, a fala bateu quadrado. Tarcísio, lembram os ministros, apresenta-se como “a direita que usa garfo e faca”. Por isso, é cobrado a usar talheres. O governador sabe que policiais legislativos, judiciários e militares correram risco de vida.
“Só no Supremo, foram quatro granadas”, lembra um ministro. Mais: a personagem citada por Tarcísio no discurso, a mulher que pichou a estátua da Justiça com ofensas ao presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, tornou-se um personagem para ala da extrema direita que ameaça o STF.
O homem-bomba Francisco Wanderley Luiz, que se explodiu ao lançar rojões contra o STF e a Câmara dos Deputados, deixou mensagens em sua casa, encontradas pela Polícia Federal, com menção à pichadora.
Para aliados, Tarcísio sabe que colocou em risco o trabalho de bastidor que faz há dois anos para se apresentar, inclusive ao Supremo, como um nome que respeita a institucionalidade.
Ainda assim, todos os dirigentes do Centrão veem o aceno ao bolsonarismo raiz como uma etapa necessária para aplacar a ciumeira da família do ex-presidente sobre as menções.