
O período para declaração do Imposto de Renda em 2025 iniciou na última segunda-feira (17), mas o que deveria ser um facilitador do processo, acabou se tornando objeto de preocupação: a Declaração Pré-Preenchida não está disponível nas primeiras semanas do prazo, segundo a Receita Federal. A ferramenta, que permite a importação automática de dados como rendimentos, despesas médicas e investimentos, só será liberada a partir de 1º de abril.

Declaração pré-preenchida do Imposto de Renda 2025 só estará disponível para o usuário a partir de 1º de abril; entenda as implicações desse atraso – Foto: Juca Varella/Agência Brasil/ND
Com a ferramenta ainda indisponível, paira a dúvida sobre se se vale a pena esperar a liberação da pré-preenchida e correr contra o relógio para entregar dentro do prazo ou se vale arriscar o preenchimento manual e assumir o risco de erros. Caso haja equívocos na declaração, o contribuinte pode acabar parando na malha fina do “leão”.
É melhor fazer a declaração do Imposto de Renda na pré-preenchida?
Segundo o contador e professor universitário André Charone, a funcionalidade é, sim, uma grande aliada dos contribuintes. “Através dela, dados fornecidos por empresas, bancos, corretoras e planos de saúde são importados diretamente para a declaração, reduzindo as chances de erro e omitindo informações cruciais”, explica.
Em 2024, cerca de 40% das declarações de Imposto de Renda foram enviadas com o uso da pré-preenchida, representando 40% do total. Segundo Charone, o grande uso da ferramenta é justificado pela segurança e praticidade que ela oferece. “Com a Receita já em posse dos dados antes da entrega da declaração, quaisquer divergências entre o que foi informado pelo contribuinte e as fontes pagadoras podem ser identificadas rapidamente”, analisa.
O contador entende que, com o atraso na libertação da ferramenta, a Receita acaba prejudicando o contribuinte que deseja entregar rapidamente a declaração do Imposto de Renda para garantir prioridade na restituição.

No ano passado, quase metade das declarações do Imposto de Renda foram feitas através das pré-preenchidas, mas o contribuinte que quiser usar a ferramente neste ano terá que esperar mais alguns dias – Foto: Vivian Leal/ND
Chances de erro são aumentadas com o preenchimento manual
Conforme Charone, com o preenchimento manual, aumentam-se as chances de erros como:
- Erros de digitação em valores de rendimentos e despesas;
- Omissão de fontes pagadoras, especialmente para quem teve mais de um emprego no ano;
- Diferença entre os dados declarados e os enviados por empresas e bancos.
“O problema é que, ao cair na malha fina, o contribuinte não só pode ter a restituição bloqueada, como também pode ser chamado para prestar esclarecimentos à Receita Federal e até pagar multas caso haja valores a serem ajustados”, alerta o especialista.
Responsabilidade por erros na declaração do Imposto de Renda ainda é do contribuinte, avisa especialista
Apesar do atraso na disponibilidade da pré-preenchida levar alguns contribuintes a fazer o preenchimento manual ou a atrasar a entrega para esperar a liberação, Charone chama atenção para o fato de a Receita Federal não se responsabilizae por isso e quaisquer problemas que ocorrerem podem levar o contribuinte a ser responsabilizado.
“A Receita não deu explicações detalhadas sobre o motivo do atraso na liberação da pré-preenchida. O que se sabe é que o sistema ainda está processando as informações enviadas por empresas, bancos e planos de saúde, o que só deve ser concluído até o final de março”, esclarece o contador.
Isso significa que, mesmo que o erro não seja do contribuinte, a responsabilidade por qualquer inconsistência será dele. Se os dados informados manualmente divergirem do que a Receita tem no banco de dados, será o contribuinte quem terá que prestar esclarecimentos e, se necessário, pagar impostos adicionais.

Segundo o especialista, a Receita Federal não deu explicações sobre o motivo do atraso e ainda culpa o contribuinte caso ele seja pego pelo ‘leão’ – Foto: Joédson Alves/Agência Brasil/ND
O que fazer para evitar problemas?
Diante desse cenário, é preciso ter estratégia para não cair em armadilhas e garantir que a declaração seja entregue corretamente. Algumas recomendações dadas pelo contador são:
- Espere a liberação da pré-preenchida, se possível – Se sua restituição não for prioridade e você puder aguardar até 1º de abril, essa é a melhor opção para evitar erros;
- Baixe informes de rendimentos manualmente – Se precisar entregar antes, confira todas as informações antes de preencher. Empresas, bancos e corretoras disponibilizam os documentos necessários;
- Revise tudo antes do envio – pequenos erros podem levar a grandes dores de cabeça. Confira os dados declarados, especialmente aqueles que envolvem rendimentos e despesas médicas;
- Se precisar, retifique rapidamente – se perceber um erro após o envio, faça uma declaração retificadora o mais rápido possível para evitar cair na malha fina.
- Fique atento ao prazo final – a Receita manteve o prazo de entrega da declaração do Imposto de Renda 2025 até 30 de maio, então há tempo para revisar e evitar problemas.