

O poço mais profundo da Terra fica na Rússia – Foto: Reprodução/ND
A China concluiu a perfuração do poço Shenditake 1 após cerca de três anos de trabalho, o mais profundo já escavado na Ásia, com 10.910 metros de profundidade, um tamanho maior do que o Monte Everest. Apesar do avanço tecnológico, o recorde mundial e título de o poço mais profundo da Terra pertence ao Kola, na Rússia, que atingiu 12.262 metros em 1989.
O poço mais profundo da Terra
A União Soviética iniciou a perfuração do poço Kola em 1970, durante a Guerra Fria, na região de Murmansk, com a intenção de alcançar 15.000 metros.
Diferente dos poços petrolíferos, o objetivo do projeto era pesquisar a composição da litosfera. A escavação durou quase 20 anos, mas foi interrompida devido às altas temperaturas no subsolo, que chegaram a 185°C, tornando impossível continuar o trabalho.
Os Estados Unidos também tentaram alcançar profundidades extremas com o Projeto Mohole, iniciado em 1958 no México. A estratégia americana era perfurar o fundo do oceano, onde a crosta terrestre é mais fina. No entanto, o projeto foi abandonado em 1966, devido aos altos custos.

O poço mais profundo da Terra foi selado – Foto: Reprodução/ND
A perfuração soviética continuou até que um acidente em 1985 fez com que 5.000 metros do poço desabassem, forçando os cientistas a retomarem os trabalhos de uma profundidade menor.
Em 1989, quando chegaram a 12.262 metros, os desafios técnicos e o colapso da União Soviética interromperam o projeto, que foi encerrado oficialmente em 1995. O poço foi selado e até agora, nunca reaberto.
Apesar da interrupção, o Poço Superprofundo de Kola trouxe descobertas valiosas. Fósseis de micro-organismos marinhos foram encontrados a 6.400 metros de profundidade, preservados por mais de 2 bilhões de anos.
Outra surpresa foi a presença de água líquida a quilômetros abaixo da superfície, algo que os cientistas não esperavam encontrar.

Apesar de não ser o poço mais profundo da Terra, o Shenditake 1 proporcionou avanços importantes – Foto: China Daily/Reprodução/ND
Poço na China
O projeto mais recente na Ásia foi liderado pela China National Petroleum Corporation (CNPC) e está localizado na região de Xinjiang, uma área rica em petróleo. A perfuração durou 580 dias, superando a previsão inicial de 457 dias.
A meta era atingir a camada Cretácea, composta por rochas de até 145 milhões de anos. Para comparação, a maioria dos poços de petróleo varia entre 1.000 e 1.600 metros de profundidade, e aqueles que ultrapassam 5.000 metros já são considerados excepcionais.
O projeto chinês faz parte do programa de exploração da Terra profunda, anunciado pelo presidente Xi Jinping em 2021. O governo defende que a pesquisa pode ajudar a identificar recursos energéticos, estudar a atividade geológica e prever desastres naturais, como terremotos e erupções vulcânicas.

As escavações do Shenditake 1 começaram em 2023 – Foto: China Daily/Reprodução/ND
No entanto, especialistas acreditam que o objetivo real pode estar ligado à busca por petróleo e energia geotérmica, uma fonte ainda pouco explorada globalmente.
Embora a China não tenha superado o recorde soviético, o Shenditake 1 representa um avanço importante na exploração geológica. O interesse em perfurações ultraprofundas continua, seja para pesquisas científicas, exploração de petróleo ou desenvolvimento de novas fontes de energia. O desafio agora é descobrir até onde a tecnologia permitirá que o homem vá.