
A ampliação da isenção do Imposto de Renda, proposta pelo governo Lula (PT), uniu os deputados federais de Santa Catarina aliados do petista e da base bolsonarista. É o que mostra um levantamento do ND Mais. Dos 16 parlamentares, 14 se manifestaram a favor da isenção. Na matéria enviada por Lula, o benefício deve atingir dez milhões de brasileiros.

Ampliação da faixa de isenção do imposto de renda deve beneficiar dez milhões de brasileiros – Foto: Vivian Leal/ND
Caso seja aprovada, a medida passará a valer em 2026, isentando trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais e reduzindo a alíquota para os que recebem até R$ 7 mil.
A bancada catarinense na Câmara dos Deputados é praticamente toda favorável. Dos 16 deputados federais de Santa Catarina, 14 se mostram favorável. Um preferiu não se manifestar sobre a matéria e outro não respondeu.
O que pensa a bancada catarinense sobre a medida?
A maioria da bancada de Santa Catarina é composta pelo PL, com seis deputados. Na sequência, estão o MDB, com três, e o PT, com duas. Completando o colegiado, estão PSD, Republicanos, União Brasil, Republicanos e Novo, com um representante cada.
Entre os 16 parlamentares, 14 são favoráveis à medida. O deputado Rafael Pezenti (MDB) informou à reportagem que “não teve a oportunidade de analisar o texto do projeto na íntegra” e, por isso, não se manifestaria a respeito.

Deputados federais de Santa Catarina são favoráveis à isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil – Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
PL catarinense apoia medida, mas com ressalvas
Os deputados Daniela Rehnier, Daniel Freitas, Júlia Zanatta, Zé Trovão e Caroline de Toni, todos do PL, informaram à reportagem que devem votar favoráveis à ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. “A tabela está defasada há muito tempo e é preciso corrigir essas distorções”, justificou Caroline de Toni.
A deputada, contudo, criticou as taxações que devem ser empregadas como contrapartida. Posição similar tem a deputada Daniela Rehnier, que defende uma parcela ainda maior de isenção do Imposto de Renda. “Apoio o Projeto de Lei 400/2025, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que propõe a isenção para rendimentos de até R$ 10 mil“, informou ao ND Mais.
O mesmo defende o deputado Ricardo Guidi, que sugere uma atualização da tabela do Imposto de Renda. O deputado Zé Trovão tem o mesmo posicionamento, inclusive sobre o PL 400/2025. O deputado Daniel Freitas também deve votar a favor da medida, que classificou como populista. Júlia Zanatta, por sua vez, defende o fim do Imposto de Renda por considerar a medida “uma forma de espoliação”.

Júlia Zanatta (PL), aliada de Bolsonaro, disse que é a favor de medida apresentada pelo governo Lula – Foto: Reprodução/ND
MDB e PT apresentam consenso sobre proposta
O emedebista Valdir Cobalchini acredita que a proposta do governo federal é “uma medida justa para aliviar o orçamento das famílias e fortalecer a economia.”. O mesmo pensa o Luiz Fernando Vampiro, do mesmo partido. O parlamentar, contudo, acredita que a taxação para outras categorias de renda pode gerar uma “migração desse capital para outros países”.
Pedro Uczai (PT) entende que ampliar a isenção do Imposto de Renda é “uma conquista histórica que vai ter mais receita para consumir, para ter uma vida melhor”. A petista Ana Paula Lima acompanha o entendimento e pontua que a proposta representa “mais justiça para o trabalhador”.
PSDB, PSD, União, Republicanos e Novo
Filiado ao Republicanos, o deputado federal Jorge Goetten antecipou que votará favoravelmente ao projeto de ampliação da isenção do Imposto de Renda. Para o parlamentar, a medida poderia ser estendida para aqueles que recebem até R$ 7 mil. Gilson Marques (Novo), por sua vez, acredita que a tabela do IRPF deveria ser “atualizada anualmente de acordo com a inflação do período”.
Para Geovânia de Sá (PSDB), a proposta “fortalece o poder de compra dos trabalhadores e promove mais justiça fiscal”, entendimento acompanhado pelo deputado Ismael dos Santos (PSD). “A isenção do IR é um alívio para as famílias de menor renda e estimula a economia local, ajudando na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, disse à reportagem.
O que diz cada deputado sobre a isenção
Ana Paula Lima (PT)
“Sou a favor do projeto apresentado pelo presidente Lula de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil porque essa medida significa mais justiça para o trabalhador e alívio para milhões de famílias brasileiras. Mais de 10 milhões de pessoas serão beneficiadas, tendo mais dinheiro no bolso para garantir dignidade e melhorar sua qualidade de vida”
Caroline de Toni (PL)
“É indiscutível o fato de que pessoas que ganham até 5 mil não deveriam pagar IR. Aliás, a faixa deveria ser inclusive maior. A tabela está defasada há muito tempo e é preciso corrigir essas distorções.
Agora, o que é discutível é a forma como o governo quer fazer isso. Em vez de cortar gastos para compensar essa renúncia, ele quer sair fazendo o que faz de melhor: taxar”.
Cobalchini (MDB)
“A isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais é uma medida justa para aliviar o orçamento das famílias e fortalecer a economia. Atualizar a faixa de isenção do IR reconhece a realidade financeira da população e reduz a carga sobre quem mais precisa.”
Daniel Freitas (PL)
“Sou a favor de toda redução de imposto, diminuição do tamanho do Estado e menor interferência do governo na vida do cidadão. Ocorre que esta medida de isenção do Lula é populismo puro para tentar frear a desaprovação de seu governo. Eu defendo que haja um corte de despesas na proporção da perda de receita, sem fazer com que nenhum brasileiro pague a mais. Também sou contra a urgência deste projeto. Temos que criar uma comissão temática para discuti-lo de forma responsável e inteligente, sem politicagem, propondo alterações para barrar os jabutis inseridos.”
Daniela Reinehr (PL)
“Sou favorável à ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e apoio o Projeto de Lei 400/2025, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante, que propõe a isenção para rendimentos de até R$ 10.000,00. A carga tributária no Brasil já é elevada, e é injusto que os trabalhadores continuem arcando com impostos excessivos enquanto o governo não faz sua parte para reduzir gastos e administrar melhor os recursos públicos.”
Fabio Schiochet (UNIÃO)
O parlamentar não respondeu ao pedido de posicionamento.
Geovania de Sá (PSDB)
“Acredito que essa medida é fundamental para beneficiar diretamente as pessoas de menor poder aquisitivo, que já enfrentam dificuldades diárias para arcar com suas despesas. Ampliar a faixa de isenção fortalece o poder de compra dos trabalhadores e promove mais justiça fiscal, garantindo que aqueles que ganham menos não sejam tão onerados pelos impostos.”
Gilson Marques (NOVO)
“A favor. A tabela de IR está completamente defasada em relação a inflação. Portanto, é salutar que aumentemos a faixa de isenção que deveria inclusive ser atualizada anualmente de acordo com a inflação do período. Não fazer isso é uma forma de aumentar impostos”.
Ismael (PSD)
“Sou a favor. A isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil representa um alívio para as famílias de menor renda, estimulando a economia local e ajudando na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.”
Jorge Goetten (REPUBLICANOS)
“Sim, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil terá meu voto favorável na Câmara dos Deputados. Sempre defendi que devemos olhar para as pessoas, suas necessidades e o impacto real na vida delas. Além disso, acredito que essa isenção poderia ser ampliada para R$ 7 mil, desde que sejam adotadas as devidas compensações.”
Julia Zanatta (PL)
“Sou a favor não apenas da isenção, mas do fim do Imposto de Renda, uma forma de espoliação. Criado como um tributo temporário para financiar guerras, tornou-se um confisco permanente. Hoje, não financia batalhas contra inimigos externos, mas sim a guerra do Estado contra seus próprios cidadãos, drenando a riqueza de quem trabalha e produz.”
Luiz Fernando Vampiro (MDB)
“Penso que uma alternativa seria isentar quem ganha menos, mas com uma compensação por meio de corte de gastos do governo federal. E o presidente deveria começar a fazer isso na própria casa”.
Pedro Uczai (PT)
“Isentar o imposto de renda para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil, não tenho dúvidas, é uma conquista histórica que vai ter mais receita para consumir, para ter uma vida melhor. Se movimenta a economia porque é dinheiro no consumo, na roupa, na alimentação, no dia a dia dos trabalhadores e trabalhadoras, que vão movimentar a economia, criar um círculo virtuoso porque dez milhões de trabalhadores vão se beneficiar com essa medida”.
Pezenti (MDB)
O parlamentar informou que vai estudar a matéria antes de se manifestar.
Ricardo Guidi (PL)
“Então, eu sou a favor, né, da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000, até porque essa tabela não é feita correção há muitos e muitos anos, né? Então, tá completamente desatualizada. É, então por isso eu sou totalmente a favor. Acho até que deveria ser maior essa isenção, era só pegar é, a atualizar os índices aí da tabela do Imposto renda no passado com certeza daria muito mais do que isso.”
Zé Trovão (PL)
“Sou favorável à ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, mas defendo que esse limite seja elevado para R$ 10 mil, garantindo um alívio maior para trabalhadores e aposentados. Por isso, apresentei um projeto que corrige uma grande injustiça: a defasagem da isenção adicional dos aposentados, que há anos permanece congelada. Há uma lógica nisso”.
Entenda proposta de isenção do Imposto de Renda
Atualmente, isenção do Imposto de Renda é válida para recebimentos de até R$ 2.824 (até dois salários mínimos) mensais. Para 2025, o governo federal já informou que pretende manter a faixa de isenção do Imposto de Renda em dois salários mínimos.
Com a proposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca cumprir, a partir de 2026, a promessa feita durante a campanha eleitoral de 2022, quando conquistou o terceiro mandado presidencial.
Segundo o governo federal, 10 milhões de brasileiros serão beneficiados pela nova isenção do Imposto de Renda. Com isso, 90% dos brasileiros que pagam Imposto de Renda (mais de 90 milhões de pessoas) estarão na faixa da isenção total ou parcial, e 65% dos que declaram do Imposto de Renda de Pessoa Física (26 milhões de pessoas) serão totalmente isentos.
Como contrapartida à renúncia fiscal, o governo federal propõe aumentar a taxação para pessoas que recebem acima de R$ 50 mil mensais. O executivo afirma que apenas 141,4 mil contribuintes (0,13% do total) passarão a contribuir pelo patamar mínimo. Esse grupo é composto por pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano e que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda.