Governo argentino suspende sigilo de documentos da ditadura

Manifestantes se posicionam ao lado de uma faixa com fotos de pessoas desaparecidas durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983) enquanto se dirigem para a Praça de Maio, em Buenos Aires, para lembrar o 49º aniversário do golpe de Estado, em Buenos Aires, 24 de março de 2025JUAN MABROMATA

JUAN MABROMATA

O governo do presidente argentino Javier Milei anunciou a suspensão do sigilo dos documentos de inteligência referentes à ditadura militar, nesta segunda-feira (24), que completa 49 anos.

“O presidente instruiu a quebra do sigilo total de toda a informação e documentação vinculadas às Forças Armadas durante o período de 1976 e 1983, assim como qualquer documentação produzida em outro período mas vinculada ao acionar das forças”, anunciou o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.

Segundo a explicação, a medida implica na “transferência absoluta desses arquivos da Secretaria de Inteligência do Estado para a órbita do Arquivo Geral da Nação, o órgão responsável pela conservação e consulta de documentos históricos”.

O anúncio foi oficializado na celebração do Dia Nacional da Memória, nesta segunda-feira, que recorda o início da ditadura militar argentina que deixou cerca de 30.000 desaparecidos, segundo órgãos defensores dos direitos humanos.

A decisão obedece um decreto de 2010 (durante a presidência de Cristina Kichner) que “embora tenha sido emitido há 15 anos, nunca foi totalmente implementado”, disse o porta-voz.

O governo de Milei defende o que chama de “memória completa” do que aconteceu durante a última ditadura, equiparando os crimes das forças armadas aos dos guerrilheiros, algo que foi rejeitado pelas organizações de direitos humanos.

“O que ocorreu no passado deve estar nos arquivos da memória, não nos arquivos de inteligência”, disse Adorni.

“Os aquivos agora estão a serviço da memória e não da manipulação política”, acrescentou.

Como em todos os anos, os órgãos de direitos humanos marcharão na Plaza de Mayo com o apoio dos sindicatos e opositores pelo Dia da Memória.

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