Grupo de advogados acusa exército sudanês de bombardeio mortal em mercado de Darfur

Prédio destruído em Cartum, em foto de 24 de março de 2025

Um grupo de advogados acusou, nesta terça-feira (25), o exército sudanês de ter bombardeado um mercado dos rebeldes na região de Darfur que, segundo afirmam, deixou um grande número de vítimas.

Desde abril de 2023, o Sudão está imerso em uma guerra entre os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, e o exército regular do general Abdel Fattah al Burhan.

O Emergency Lawyers, um coletivo de advogados sudaneses a favor da democracia, e os paramilitares das FAR asseguram que o ataque, realizado na segunda-feira, deixou centenas de mortos.

Segundo o grupo, “aviões das forças armadas sudanesas executaram um massacre terrível com um bombardeio indiscriminado no mercado de Tora, em Darfur do Norte, matando centenas de civis e ferindo dezenas gravemente”.

“Devido ao grande número de cadáveres”, o Emergency Lawyers não pôde realizar uma contagem, nem identificar as vítimas, afirmou à AFP um porta-voz à AFP, que pediu o anonimato.

As FAR também responsabilizaram o exército pelo “massacre”.

Devido ao corte nas telecomunicações na região de Darfur, a AFP não pôde verificar o balanço de vítimas de forma independente. Tampouco teve resposta ao contato com o exército sudanês.

Vídeos publicados nas redes sociais, cuja veracidade tampouco pôde ser verificada, mostram corpos carbonizados e escombros ainda fumegantes.

Em dois anos, a guerra no Sudão deixou dezenas de milhares de mortos, obrigando mais de 12 milhões de pessoas a fugir de suas casas e provocando uma grave crise humanitária.

A vasta região de Darfur foi palco de algumas das piores atrocidades da guerra, incluindo bombardeios com barris de explosivos em áreas civis, ataques de paramilitares a acampamentos para pessoas deslocadas afetadas pela fome e violência étnica generalizada.

O exército sudanês mantém seu predomínio no ar graças à sua força aérea, que ataca periodicamente posições paramilitares.

Na sexta-feira, o exército recuperou o palácio presidencial na capital, Cartum, e desde então lançou uma “operação de limpeza” destinada a expulsar os combatentes das FAR das principais instituições do centro da capital.

Desde o início da guerra, os dois beligerantes são acusados de crimes de guerra contra civis, em particular de bombardeios indiscriminados a mercados e bairros povoados.

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