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Um grupo de advogados acusou, nesta terça-feira (25), o exército sudanês de ter bombardeado um mercado dos rebeldes na região de Darfur que, segundo afirmam, deixou um grande número de vítimas.
Desde abril de 2023, o Sudão está imerso em uma guerra entre os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, e o exército regular do general Abdel Fattah al Burhan.
O Emergency Lawyers, um coletivo de advogados sudaneses a favor da democracia, e os paramilitares das FAR asseguram que o ataque, realizado na segunda-feira, deixou centenas de mortos.
Segundo o grupo, “aviões das forças armadas sudanesas executaram um massacre terrível com um bombardeio indiscriminado no mercado de Tora, em Darfur do Norte, matando centenas de civis e ferindo dezenas gravemente”.
“Devido ao grande número de cadáveres”, o Emergency Lawyers não pôde realizar uma contagem, nem identificar as vítimas, afirmou à AFP um porta-voz à AFP, que pediu o anonimato.
As FAR também responsabilizaram o exército pelo “massacre”.
Devido ao corte nas telecomunicações na região de Darfur, a AFP não pôde verificar o balanço de vítimas de forma independente. Tampouco teve resposta ao contato com o exército sudanês.
Vídeos publicados nas redes sociais, cuja veracidade tampouco pôde ser verificada, mostram corpos carbonizados e escombros ainda fumegantes.
Em dois anos, a guerra no Sudão deixou dezenas de milhares de mortos, obrigando mais de 12 milhões de pessoas a fugir de suas casas e provocando uma grave crise humanitária.
A vasta região de Darfur foi palco de algumas das piores atrocidades da guerra, incluindo bombardeios com barris de explosivos em áreas civis, ataques de paramilitares a acampamentos para pessoas deslocadas afetadas pela fome e violência étnica generalizada.
O exército sudanês mantém seu predomínio no ar graças à sua força aérea, que ataca periodicamente posições paramilitares.
Na sexta-feira, o exército recuperou o palácio presidencial na capital, Cartum, e desde então lançou uma “operação de limpeza” destinada a expulsar os combatentes das FAR das principais instituições do centro da capital.
Desde o início da guerra, os dois beligerantes são acusados de crimes de guerra contra civis, em particular de bombardeios indiscriminados a mercados e bairros povoados.