‘Sádico’, ‘gosta de torturar’: chefe acorrentou e torturou funcionário no RS por ‘absoluto sadismo’, diz polícia


Polícia Civil descartou que motivação teria relação com suposto furto cometido pelo funcionário. Ele foi agredido por mais de oito horas com o uso de furadeira, choques elétricos, água fervente e foi obrigado a decepar o próprio dedo com um alicate. Homem teve costas queimadas com água fervente
Polícia Civil RS/Divulgação
A Polícia Civil tem convicção de que o chefe preso em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na última quinta-feira (27) pela tortura de um funcionário cometeu o crime por “absoluto sadismo”.
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“Havia a suspeita de que o crime foi cometido porque a vítima havia furtado o chefe, o que foi descartado. A vítima não fez absolutamente nada. O crime foi cometido por absoluto sadismo. Ele (o chefe) gosta de torturar”, conta o delegado Marco Guns, responsável pela investigação.
O nome do chefe não foi divulgado, mas se trata de um homem de 42 anos identificado por GZH como Ricardo Sodré Fernandes da Silva. O g1 tenta contato com o advogado contratado por ele para se defender.
O funcionário agredido é um homem de 49 anos que trabalhava há cerca de seis meses para Ricardo em um ferro-velho no bairro Scharlau, região central de Canoas.
Ele foi imobilizado quando chegou ao local para trabalhar em 22 de março. Acorrentado e algemado, teve os cabelos queimados com o uso de um maçarico. Também sofreu choques elétricos, além de ter sofrido queimaduras após água fervente ter sido despejada sobre suas costas. Ele também teve os joelhos perfurados por uma furadeira elétrica. Por fim, foi obrigado a decepar parte do próprio dedo com um alicate. Tudo teria sido presenciado pela namorada e pela mãe de Ricardo – a sessão de tortura teria durado mais de oito horas.
Foi com o alicate que o funcionário conseguiu cortar as correntes e fugir. Ele buscou primeiro a ajuda da ex-companheira. Após, recebeu atendimento médico – a Polícia Civil começou a investigar o caso pouco tempo depois.
O local onde aconteceu o crime foi identificado pela polícia. As ferramentas usadas para torturar o homem foram identificadas e apreendidas. O chefe foi preso temporariamente, permaneceu em silêncio na ocasião e deve ser interrogado pela Polícia Civil.
O prazo da prisão temporária é de 30 dias. O delegado Guns avalia a possibilidade de pedir à Justiça a conversão em preventiva, sem prazo, caso haja necessidade. Ao Judiciário, já pediu a quebra de sigilo do telefone celular de Ricardo, pois há suspeita de que ele tenha registrado em vídeo a tortura – e porque acredita que o funcionário não foi o primeiro a ser agredido.
“Provável que tenha feito (torturado outras pessoas)”, diz Guns.
Local onde funcionário teria sido torturado pelo patrão em Canoas
Polícia Civil/Divulgação
Namorada e mãe sob suspeita
De acordo com o delegado Guns, a namorada de Ricardo é tratada como suspeita dentro da investigação criminal e a mãe é caracterizada como testemunha, pois teriam presenciado os crimes cometidos por ele e não teriam feito nada – impedido a tortura ou procurado a polícia. Por isso, as duas podem ser responsabilizadas pelos mesmos crimes que Ricardo.
“A quebra de sigilo do celular dele (de Ricardo) pode ajudar a apurar o envolvimento delas”, diz Guns.
Segundo ele, a mãe é tratada como testemunha porque a legislação brasileira faz a ressalva de que ela não pode incriminar o filho, mas, caso provas indiquem a participação dela na tortura, ela pode ser punida.
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