
As bolsas de valores sofreram um rombo significativo nesta segunda-feira (7), refletindo um ambiente de pânico nos mercados globais, após a escalada da guerra comercial desencadeada pelos EUA. As tarifas de Trump, anunciadas na última quarta-feira (2) gerou temores de uma recessão mundial, que afetou não apenas as economias da Europa, mas também as de outros continentes.

Donald Trump anunciou tarifas para diversos países, incluindo o Brasil, na última quarta-feira (2) – Foto: Mark Schiefelbein/AP
Às 6h45 (horário de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 despencava 5,01%, registrando 471,44 pontos. Na semana passada, o índice sofreu uma queda de 8,4%, a maior perda semanal em cinco anos. A última vez que o Stoxx 600 teve um desempenho pior foi no início da pandemia de covid-19, em 2020.
As tarifas de Trump
Apesar das grandes perdas nos mercados, Donald Trump não demonstrou qualquer sinal de recuperação das tarifas sobre tarifas internacionais, que têm geradas reações em cadeia, com a China já retaliando na mesma proporção. Em declarações no último domingo (6), o presidente dos EUA afirmou: “Não quebrei o mercado de propósito. Não quero que nada caia, mas, às vezes, é preciso tomar medidas para recuperar alguma coisa”.
A decisão de Trump de seguir com a tarifação, mesmo diante dos efeitos devastadores nos mercados financeiros, tem causado incertezas. A semana passada foi marcada por uma grande perda no valor do mercado das ações americanas, que chegou a perder US$ 5,4 trilhões, enquanto desde a posse de Trump, em janeiro, a queda já ultrapassa os US$ 10 trilhões.

Bolsa de valores apresentam perdas significativas em vários continentes – Foto: InfoMoney
Mercados europeus e índices econômicos em queda
Na zona do euro, os dados econômicos ficaram em segundo plano devido ao foco na guerra comercial. As vendas no varejo da região subiram bem abaixo do esperado em fevereiro, e na Alemanha, a produção industrial também caiu mais do que o previsto. Essas quedas se somam à crise de confiança que atinge os mercados, resultando em quedas importantes nas principais bolsas europeias.
Às 7h01 (horário de Brasília), os principais índices europeus estavam no vermelho: a Bolsa de Londres caiu 4,60%, Paris recuava 5,68% e Frankfurt perdia 5,40%. As bolsas de Milão, Madrid e Lisboa também registraram perdas significativas, com quedas de 6,20%, 5,78% e 5,35%, respectivamente.
Os mercados globais, incluindo os Estados Unidos e a Ásia, também operam em um “modo pânico” nesta segunda-feira (7). O índice de volatilidade VIX, conhecido como o “termômetro do medo” em Wall Street, disparou 9,98%, alcançando 49,83 pontos. Esse índice superou os 60 pontos mais cedo, o maior nível desde agosto de 2024, e reflete a instabilidade nos mercados, especialmente no setor de tecnologia, onde as “Sete Magníficas” – as maiores empresas de tecnologia – também enfrentaram quedas acentuadas.
No mercado americano, as bolsas estavam em queda generalizada, com o Dow Jones perdendo 2,90%, o S&P 500 caindo 2,65% e o Nasdaq recuando 2,52%. As grandes empresas de tecnologia, como Tesla, Alphabet, Apple e Nvidia, viram suas ações despencarem, ampliando as perdas da semana anterior.

Grandes empresas de tecnologia apresentam queda nas ações – Foto: InfoMoney
Na Ásia, o impacto foi igualmente severo. O índice Hang Seng, de Hong Kong, despencou 13,22%, a maior queda desde a crise financeira asiática de 1997. Na China, os mercados também sofreram com o Xangai Composto perdendo 7,34% e o Shenzhen Composto caindo 10,79%. Em Taiwan, o Taiex recuperou 9,70%. Na bolsa de Tóquio, o Nikkei caiu 7,83%, acionando um circuit breaker , mecanismo que suspende as negociações devido à intensidade das quedas.
Impacto no Brasil
O impacto da crise financeira global também atingiu o mercado brasileiro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, abriu em queda nesta segunda-feira (7), com perdas de 2,66%, a 123.876,24 pontos. O dólar, por sua vez, subiu 1,04%, cotado para R$ 5,895. A moeda americana já havia registrado uma alta de 3,6% na sexta-feira (4), impulsionada pela aversão ao risco nos mercados globais e pela queda das commodities no exterior.

Aós China retaliar tarifas de Trump, valor do dólar subiu na última sexta (4) e apresentou nova alta nesta segunda (7) – Foto: Deny Campos/Arte/ND