
Um temporal que atingiu a cidade argentina de Bahía Blanca na última sexta (7) deixou 16 mortos, mais de 100 desaparecidos e milhares de desabrigados. A chuva de mais de 300 mm em cerca de cinco horas não surpreendeu os cientistas, segundo o Instituto de Meteorologia MetSul.
Em 2012, um estudo do órgão de pesquisa argentino Conicet alertou sobre o risco de inundações na região devido à falta de planejamento urbano. Segundo o MetSul, a avaliação propôs soluções, mas as autoridades ignoraram os avisos.
Estudo apontou os riscos

Os pesquisadores do Conicet publicaram um relatório detalhado sobre a hidrografia urbana de Bahía Blanca há 13 anos, com explicações do risco da cidade estar situada na bacia inferior do arroio Napostá. O espaço geográfico torna o local um receptor natural da água que desce das áreas mais altas. Quando chove forte, a água da periferia escoa naturalmente para o centro, aumentando o risco de inundações.
O estudo também dizia que, mesmo com algumas obras de drenagem, o crescimento desorganizado das cidades altera o fluxo da água. As ruas não pavimentadas nas áreas altas aumentavam a erosão e bloqueavam os sistemas de escoamento.
Além disso, a expansão descontrolada aumentava os custos de manutenção dos serviços e reduzia as áreas naturais de absorção de água, de acordo com o estudo obtido pelo MetSul. Mesmo assim, as recomendações dos pesquisadores teriam sido ignoradas.
Temporal histórico
Em poucas horas, caíram cerca de 350 mm de chuva em Bahía Blanca. As ruas viraram rios caudalosos, arrastando carros, árvores e até casas inteiras, deixando mortos e desaparecidos. Centenas de pessoas ficaram presas em casas e telhados, esperando evacuação em meio à enchente.
O governo nacional decretou três dias de luto e enviou 10 bilhões de pesos (cerca de R$ 54,8 milhões) em ajuda. O prefeito de Bahía Blanca, Federico Susbielles, chegou a afirmar que a quantia era insuficiente. Segundo ele, a cidade precisará de mais de 400 bilhões de pesos para se reconstruir.
Moradores e organizações civis arrecadam doações, distribuem alimentos e auxiliam nas operações de resgate. O mesmo ocorreu em outras tragédias recentes, como os incêndios florestais no sul e no norte do país.