Trump sancionará países que comprem petróleo da Venezuela

O presidente Donald Trump, durante uma reunião do governo dos EUA na Casa Branca, 24 de março de 2025 em WashingtonBrendan Smialowski

Brendan Smialowski

Principal defensor do “Estados Unidos primeiro”, o presidente Donald Trump prorrogou nesta segunda-feira (24) o prazo para que a petrolífera Chevron liquide suas operações na Venezuela e, paralelamente, anunciou que os países que comprarem petróleo ou gás venezuelano pagarão uma tarifa de 25%.

No final de fevereiro, o magnata republicano anunciou o fim da licença que permitia à Chevron operar na Venezuela e, dias depois, o Departamento do Tesouro deu à companhia um prazo até 3 de abril para liquidar suas operações de forma ordenada no país caribenho.

Segundo a imprensa americana, os diretores da empresa tentaram convencer o governo republicano a lhes conceder mais tempo.

Seus esforços deram resultado: o prazo foi prorrogado até 27 de maio, conforme a licença 41B, emitida nesta segunda-feira pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac).

Muito adepto das tarifas, uma de suas palavras favoritas, Trump decidiu nesta segunda-feira sancionar os países que fazem negócios com o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

“A Venezuela tem sido muito hostil aos Estados Unidos e às liberdades que defendemos”, enfatizou Trump em uma mensagem na plataforma Truth Social.

“Portanto, qualquer país que comprar petróleo ou gás da Venezuela será obrigado a pagar uma tarifa de 25% aos Estados Unidos sobre qualquer comércio que realizar com o nosso país”, advertiu.

A Venezuela é o terceiro maior fornecedor de petróleo para os Estados Unidos, atrás do Canadá e do México, com 296 mil barris diários (b/d) em dezembro de 2024, segundo a Administração de Informação Energética (EIA, na sigla em inglês).

Em fevereiro, a Venezuela exportou 550 mil barris diários à China, 240 mil aos Estados Unidos e 70 mil à Índia e Espanha, segundo várias fontes consultadas pela AFP.

– “Diversas razões” –

Entre as “diversas razões” alegadas para aplicar o que denomina “tarifa secundária” de 25%, figuram questões migratórias.

“A Venezuela enviou para os Estados Unidos, de forma deliberada e enganosa, dezenas de milhares de criminosos de alta periculosidade e de outros tipos, muitos dos quais são assassinos e pessoas de natureza extremamente violenta”, acusou Trump, sem apresentar provas.

Ele cita como exemplo a gangue Tren de Aragua, que foi designada como organização terrorista global pelo governo republicano.

“Estamos no processo de devolvê-los”, acrescenta Trump, cujo governo impôs pressão sobre Maduro para que aceite o retorno de cidadãos venezuelanos em situação irregular nos Estados Unidos, caso queira evitar “novas sanções severas”, nas palavras do chefe da diplomacia americana, Marco Rubio.

“Isso não é um tema de debate nem de negociação. Também não merece nenhuma recompensa”, advertiu Rubio na semana passada.

A “tarifa secundária” entrará em vigor em 2 de abril, anunciou Trump, ampliando assim a lista de tarifas alfandegárias previstas para essa data.

Especialmente os chamados impostos “recíprocos”, que consistem em igualar dólar por dólar as taxas impostas aos produtos americanos no exterior.

Será o “Dia da Libertação” dos Estados Unidos, repete Trump diariamente.

A tensão entre Caracas e Washington se intensificou nos últimos dias, depois que os Estados Unidos invocaram uma lei de guerra de 1798 contra o Tren de Aragua e enviaram, em aviões, 238 venezuelanos para uma mega prisão em El Salvador.

O governo da Venezuela classificou a ação como sequestro.

Maduro rompeu relações diplomáticas com Washington em 2019, durante o primeiro mandato de Trump. Seu sucessor, o democrata Joe Biden, manteve contatos esporádicos para viabilizar a realização de eleições presidenciais em julho passado, que acabaram sendo marcadas por fraudes, segundo Washington e diversos países.

Trump, assim como Biden, apoia o opositor venezuelano exilado Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória nas eleições de julho e compareceu à posse de Trump em 20 de janeiro.

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